domingo, fevereiro 17, 2008

A São Francisco só tem nome

Oswald de Andrade foi o mentor intelectual do Modernismo e da Semana de Artes de 1922, da qual participou, juntamente com Luiz Ramos, morto prematuramente, aos 24 anos. Monteiro Lobato criticou duramente as Artes Plásticas dos Modernistas, tendo permanecido à parte do movimento literário.
Um dos grandes escritores brasileiros, Oswald foi estranhamente “esquecido”. Editores explicavam que “poesia não vende”, por isso a sua pouca divulgação.
Em 1915 foi orador de discurso em homenagem especial a Olavo Bilac.
Oswald, Sua obra, seu trabalho e sua genialidade foram dignamente divulgadas apenas após a sua morte, por Álvaro de Campos, Augusto de Campos, Décio Pignatari e Antônio Cândido. No Teatro, Zé Celso dirigiu o Rei da Vela, popularizando o nome de Oswald para os reles mortais.
Cumpre ressaltar que todos os nomes aqui citados são de alunos da Faculdade de Direito de São Paulo. Faculdade de Direito ?
Direito vírgula. Uma faculdade que temos, para tornar as Arcadas com tanto nome... de alunos.
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Oswald teve um curso truncado por várias vezes. Formou-se em 1919, tendo sido orador da Turma, com o tema “Árvore da Liberdade”. Como hodiernamente, no seu tempo não havia assiduidade muito grande às aulas. Hoje não se sabe o porquê. Mas no tempo do poeta grassava por aqui a Gripe Espanhola. Então, não se sabia ao certo se o aluno havia faltado ou morrido. Professores faltavam às aulas não por mera vagabundagem ou porque estivessem com uns clientes, mas por justa causa: haviam morrido de gripe. Quem passava a Lista de Presença eram os bedéis. Quando não havia Lista, perguntavam: o bedel faltou ou morreu ? Geralmente era a segunda explicação. O animus jocandi franciscano.
Os primeiros capítulos de “Memórias Sentimentais de João Miramar” foram publicados no jornal do XI.
A Academia de Letraz, criada em 1932, teve em Oswald um de seus idealizadores.

Tales

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Sanfran, a Desejada das gentes

O franciscano Machado de Assis homenageia os calouros da Turma CLXXXI
Sanfran, a Desejada das Gentes


O Calouro aos poucos vai perceber que encontrará por essas Arcadas todos os nomes que ele costumava encontrar por ai, nas placas de nome de rua, e no farto vocabulário nacional. A explicação tão é simples que até calouro entende: são todos franciscanos, regularmente matriculados em algum dos nossos CLXXXI anos.
Machado de Assis é o maior deles, mas ele não passou pelas Arcadas. Por isso é um franciscano au concour. Não que ele não tenha estudado. Presta atenção, calouro ! E também não é que ele não tenha prestado vestibular prá Sanfran porque ainda não existia cota para negros. Nada disso. Na época dele não havia dessas coisas. Mas, em compensação, também não havia o famoso e atual discurso politicamente correto. Bons tempos aqueles.
Por isso, como falamos transportados no tempo, vamos ignorar essa besteira. Ele era gago, epiléptico, pobre e mulato. Só faltou mesmo ser corintiano ! Ah, não teve também qualquer empurrãozinho governamental. Ai então diria o esperto calouro: então é por isso que ele não fez Sanfran !
Ainda não é isso. É que ele era auto-didata, como todos nós. Por isso franciscano. E também que, na sua época não havia listas pra que assinassem. Por isso, tecnicamente podemos considerá-lo orgulhosamente como um dos nossos.
Depois dessa fenomenal forçada de barra, podemos finalmente entrar no assunto: o conto que ele escreveu, em homenagem à Sanfran. É um conto bastante premonitório, haja vista que A Desejada das gentes, a Sanfran, era como ainda é, hoje: todo mundo quer, mas alguns poucos conseguem. Certamente você terá amigos que deixarão de sê-lo, visto terem se perdido pelo caminho, nos meandros da fuvest. Uns escorregaram e viraram pucanos, outros tantos orelhudos-mack e outros que nem é bom falar... Calma, você os encontrará nos Jurídicos. Alguns, nem lá. Deixa quieto, que é melhor assim.
No conto, Machado esteve influenciado pela escola pós-moderna mas não chegava a ser um concretista: a Sanfran era feita inicialmente de taipa. Ele descreve no conto , como sempre magistralmente, as agruras e dissabores, os XI trabalhos de Hércules, que um vestibulando tem que enfrentar para poder perceber que existe vida inteligente, apesar do vestibular. E, passado esse percalço, poder dizer essa sacrossanta frase, agora sua também: eu sou franciscano !
Portanto, seja bem-vindo à Desejada das gentes. E, claro, não deixe de conhecer esse conto de um franciscano que só não o foi, por não ter sido. E qualquer diferença notada aqui com o original e a realidade, atribua a erros de digitação.

Onzaga
um fundamentalista