domingo, outubro 26, 2008

O Forum da Esquerda na Série B !



Sorria, meu bem, sorria !

Pelo menos nisso eles tinham razão: nosso sonho não faz mesmo silêncio!

http://br.youtube.com/watch?v=HbB36IdPvt0

Enfim, a Semana Santa verdadeiramente franciscana: a Peruada, a Martaxa no lixo e o Forum da Esquerda na Série B!

Isso não é mesmo uma maravilha maravilhosa?

Mas também, jogaram tão mal que foram expulsos logo no primeiro tempo! Ao invés do cartão vermelho, um banho de Coca-Cola!

Os comunistas estão tão desolados, que um já reservou passagens para ir chorar na Alemanha. Outros, esquiando em Aspen, esperam amargar esse reconhecimento de seu imenso valor por um quorum inédito de franciscanos votando. Outros ainda ficarão em reclusão por muito tempo, enclausurados em suas coberturas no Morumbi. Quando se encontrarem para umas comprinhas básicas na Daslu, nada de falar em política. Pelo menos até chegarem os novos calouros...

Ai, minha São Francisco!

Se o quorum daquela magnífica Assembléia do Expurgo de 2007 foi pouco, como alegaram, se não tinha a forma legal prescrita (prescrita onde?), esse quorum foi legal. Muito legal ! Legal demais! Ah, como foi legal!

Mas, perai! Isso pode ser uma Teoria da Conspiração! Será que eles tão querendo perder tudo, só prá ficarem achando que ninguém gosta deles, posando de coitadinhos? Ah, se for isso, meu São Francisco, vou até cantar de novo: sorria, meu bem, sorria! Eles estão prenhes de razão!

Também pudera, né? Nas Arcadas não tem bolsa-família prá comprar votos do povo, empregos prá distribuir no Executivo, o Tesouro Nacional prá comprar o Legislativo, além de sempre dispor de Habeas Corpus, quando necessário do STF. Então, perderam de graça mesmo!

A felicidade é tanta que, imbuído da magnanimidade que caracteriza os franciscanos, ao invés de tripudiar, vou até colaborar. Vou sugerir que, ao mudar de nome (e eles vão mudar de nome, como sempre...), mudem de "chapa" para o sintomático "Chupa" Forum da Esquerda-modelito Série B"! A camiseta pode ser, conforme seus ideais espúrios, preta-e-branca. Mas não meio-a-meio, não. "Tem que ser 4x1, do jeito da minha Hilux!". Sob o patrocínio da Gaviões. Prá copiar-e-colar a carta-programa , prá invasões, semanas grey e outras pautas. Claro, o capovis continua, firme e forte.

Não fica bom assim?

Prá mim tá ótimo! E prá outros 981 franciscanos também!

O Roy Babbosa finalmente conseguiu passar na dp de Romano. Eu, no meu quinto ano. Eles se despedem, nós nos despedimos. Mas, ao contrário deles, saímos pela porta da frente.

Valeu Sanfran, pôr tudo nos comunistas!

Luiz Gonzaga _______________________________Arcadas, XXV de outubro, CLXXXI

domingo, outubro 19, 2008

São Francisco, nunca mais!


A Constituição negativada da nossa Academia de Letraz, tem apenas uma única jocosa e verdadeira norma: aqui, nada de Democracia! Manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Nas Arcadas, a verdadeira Anarquia. Não no sentido distorcido que quiseram dar, de desgoverno, mas o Aristotélico: sem governo.

Franciscanos, somos como que a água de um rio, que corre eternamente; e nunca, num mesmo momento, a mesma. Somos um Território Livre, povoado, qual no Olimpo, por semi-deuses: uns acham que são deus, outros já têm certeza.O passo que nos distancia da qualidade de verdadeiros deuses é a decantada fraqueza, ainda humana, denominada humildade. Temos um idioma próprio, não derivado do indo-europeu, misto de festa com animus jocandi. Quando não, fazemos a Peruada, oba! Nos demais dias do ano, a seriedade de apenas festas normais. Como nos textos bíblicos, vivemos apenas as coisas de cada dia. Como por exemplo, uma festa. Assim como qualquer povo distinto, temos uma religião: “acima de tudo, creio em mim”. Uma vez por ano, eleições para o XI.

Porém, as Arcadas nunca sequer cogitou tornar-se um Estado. Franciscano jamais abriu mão de parcela de sua absoluta liberdade de expressão, em prol da segurança de todos. Não temos sequer candidatos a inimigos. Cada qual é soberano por si. Rei aqui, apenas o Peru. Por essas razões, vivemos em Estado Natural. Quem quiser postar-se em meio ao Pátio, camisa do Boca Juniors e cantar o tosco hino de los hermanos, que o faça. É direito seu. Que se prepare porém, para a manifestação da liberdade de expressão alheia, numa saraivada de pedras , palavras, palavrões, trovas, História, Tradições, Verdades ou invenções que virão, certamente.

Postos esses prolegômenos divagativos, cumpre afirmar que, sempre e sempre, calouro é burro mesmo. Na realidade, franciscano nunca é burro, mesmo sendo calouro. Eles, na verdade, são ignorantes. Ignoram a realidade da vida nas Arcadas. Povos mortais comuns têm Mitologia. Nós vivemos de realidades. Você, que me lê agora, é a Mitologia do Amanhã. Diferentemente de Hércules, temos todos XI tarefas. É Real essa Realidade. Franciscanos, temos esse fardo a carregar: expurgar comunistas hipócritas das Arcadas. E esse pedágio a pagar: termos todos, um dia sido calouros.

Como a tudo desconhecem, desconhecem também que há, no Lá-fora, uma erva daninha que teima em lançar suas teimosas raízes, na forma de franciscanos-comunistas. Porém, tudo bem: têm eles também a sua sagrada liberdade de expressão. Nós, aqui, confiamos que, mesmo vicejando, são logo estirpados de nosso Jardim de Pedras.

Diria eu que são maquiavélicos os gajos. Porém, em memória à genialidade de Maquiavel, corrijo: são diabólicos os gajos. Descobriram que o calcanhar-de-aquiles das Arcadas poderia ser os seus calouros. E fizeram deles o seu alvo de atuação.

Como mentem os comunistas aos pobres calouros! É uma judiação! Como dito, as Arcadas não são um Estado, portanto não temos e nem precisamos de um Governo. Logo, dentro da sua estreita e medíocre visão, não temos e nem precisamos de Esquerda, Direita ou Centro, que é o que sobra. Cada franciscano é um todo em si mesmo. Não temos lutas de classes. Exceção feita ao Interpanelas, claro. Nossa única opressão, maldita opressão é a existência deles, os comunistas. Somos, por óbvio, conservadores, sempre. Queremos conservar a grandeza das Arcadas. Que não os inclui, certamente.

Franciscano não precisa se unir em grupo para tomar o XI, condição para garantir um emprego de assessor de político salafrário quando formado. Ou uma boquinha qualquer, pra mamar nas tetas do Erário Público. Habituados à meritocracia, os fascistas da Direita também conseguem seus bons empregos, tranqüilamente. Somos franciscanos, afinal. Não é preciso vender a alma pra conseguir um emprego.

Então, caros franciscanos abordados pelos comunistas, toda essa verborragia é para apenas lembrar isso. Todos nos sensibilizamos quando temos que passar por sobre moradores-de-rua para poder entrar nas Arcadas. Porém, para externar isso não é preciso hipocritamente verter lágrimas e nem fazer faixas e cartazes e desfilar pela Paulista. Não corrigiremos as mazelas do neocapitalismo pelas “falas da cumpanherada”, após uma Assembléia, repleta de muita hipocrisia, além de faixas do MST, do DCE e até da Gaviões da Fiel. Com os votantes sendo alguns realmente pobres coitados, manobrados ao preço de um pão-com-mortaNdela-e-amanhã-um-suco. Lanche esse transportado em um modesto Audi, claro.

Franciscanos-fascistas-da-Direita habituados com a meritocracia e a real liberdade de expressão reinante nessas Arcadas, vivemos de Realidade, como dito. Temos dificuldade em conviver em um país, cujo presidente outorga uma Nova Ortografia, mesmo desconhecendo a atual. Que, embora sendo alcoólatra decreta a Lei Seca. São-nos fundamentos muito disparatados esses, como todos os demais. Essa, a grande razão da rejeição do que sejam comunistas nas Arcadas.

Uma imagem diz mais do que mil palavras. Falso esse dito, já que expresso apenas em palavras. Mas fazemos isso: veja o link para o youtube, ao final do texto.

São algumas imagens colhidas durante a Invasão das Arcadas, em 21 de agosto de 2007, por falsos movimentos sociais, manipulando aqueles citados e realmente pobres coitados. A então gestão do XI, o Fórum da Esquerda comandando a Invasão, omitida a todos alunos, para não “estragar o movimento”. A isso chamamos Traição, não-representatividade, estelionato. Em chulas palavras, coisa mesmo de filhos-da-puta, se não!

Ela não ocorreu com a permissão, nem a adesão dos alunos, conforme mentirosamente alardeado pelos comunistas aos calouros. Quis a História que não tivéssemos imagens da Assembléia de 925 (?) franciscanos superlotando o Salão Nobre, exigindo, em uníssono, a deposição do então Presidente do XI, na mais legítima expressão de vontade geral. Essa a verdade, a nossa Realidade.

Franciscano cumpriu o seu dever, para ser aluno das Arcadas. Como diz o Direito, quem cumpre o dever, tem uma faculdade. E não abrimos mão Dela. A Faculdade é nossa mesmo.

Tentaram apelar para um historicismo hipócrita, a Tradição de que a Polícia não entra nas Arcadas. E não entra mesmo, se for contra os alunos. Mas, em havendo um incêndio, Bombeiros, que são Polícia, têm que entrar. E em havendo invasão, de retomá-la, aos seus verdadeiros donos. É mais outra hipocrisia apelativa, a alegação de ser as Arcadas espaço público. Ela é dos alunos. Esses sim, porque fazem nela a História do Brasil. Com Direito, sob todos os aspectos.

Fosse eu um jornalista, escreveria tudo isso com algumas poucas palavras. Mas minha crônica intenção é outra. Por isso o passeio histórico e alegórico. Tenho a ousada pretensão de escrever a História das Arcadas. E isso não se faz com lacônicas e jornalísticas frases. Dai longos textos, para relatos fidedignos. Se eu fosse um marqueteiro, poderia apenas argumentar assim, em tempos de eleições para o XI: quem são verdadeiramente os comunistas? São casados ? Têm filhos?

Cuidado portanto, eleitores: a versão comunista de toda a História é porca, suja, vil, abjeta, falsa, ardilosa, traiçoeira, peçonhenta, mentirosa e hipócrita. Querem contornar toda essa realidade, colocando um calouro como Presidente. Mas isso não engana mesmo ninguém. Como também dito, calouro pode ser ignorante de fatos. Mas, por ser franciscano, burro jamais. Por isso, não colocaremos o XI nas ditas traiçoeiras mãos.

Caros comunistas: São Francisco, nunca mais!


Luiz Gonzaga Arcadas, XX de outubro, CLXXXI

http://www.youtube.com/watch?v=ARoyg7LPGj4

sábado, outubro 18, 2008

É Peruada, oba!

É assim a Peruada.

Uma manifestação política dos Estudantes do Largo. Invadidos por estudantes do Brasil inteiro. Mas sem siglas. Invasão essa que é bem vinda, permitida, aceita e querida.

Uma festa ecologicamente correta, preenchida com muito verde. Quando queimada, o efeito estufa é mínimo. Desodorantes a granel. Por onde você passa, alguém lança perfume. E fica tudo inebriante, feito um tango argentino.
Respeitamos estritamente a Lei. Todas as latinhas encontradas pelo caminho estavam, conforme preconiza a Lei Seca, absolutamente vazias.
Como o prefeito proibiu outdoors, as propagandas iam nas fantasias mesmo. No melhor estilo: "bebeu? Pega esse táxi". ou ainda, escrito nas costas: "invista nesse Fundo". Quantos e quantos bafômetros espalhados, para as meninas fazerem o teste. "Eleção? Coloque o seu voto na minha ulna". Um exemplo de cidadania.


Imagine:
O repórte disse que tinham cerca de 150 estudantes na Peruada...


Alguma coisa acontece no meu coração
Quando a Peruadas cruza a Ipiranga e a São João...

Em frente ao prédio do Goffredo, na Avenida São Luís.
Esqueceram de homenageá-lo.
Tudo bem. O Resgate é assim mesmo.

A presença da Academia de Letraz, em imagem.


Em frente à Camara municipal. Lá dentro, políticos.
Ouvi muitas reclamações de roubo de carteiras, celulares e até eventuais virgindades. Haveria ligações ?
Não a dos celulares, já que foram roubados. Mas outras?
A gente ficou esperando ali o Discurso político que justifica a Peruada como Tradição.
Como Tradição, o tal discurso não saiu.
Bom, dai fomos embora, né?



Franciscanos...




O Vitão, subindo a Brigadeiro.

Já em solo sagrado do Território Livre, a Peruada, com seus cerca de 150 manifestantes, conforme disse o tosco e grotesco repórter.


Como era de se esperar, no Eterno Beijo eles continuam se beijando. Eternamente.

Eter na mente?
Eterna mente?
É terna mente?
Mas é assim mesmo: na Peruada pinta a maior química. Irresistível.



O mastro, servindo de pau-de-sebo.
Lá, aparentemente, um Homem das Cavernas.
Se você perguntar o nome dele, rapidamente vai lhe responder: meu nome é Enéas!


Será que foi no Viaduto do Chá que o repórter contou os 150 estudantes?



Na Conselheiro Crispiniano.
Não na sala de aulas. Na Rua.
A trêmula emoção transparece até na foto.


Bom, daqui prá frente as imagens são reservadas, prá não queimar o filme de ninguém.
Ficam fixadas apenas na retina e na memória. Ou melhor, só na retina.
Não se têm "lembranças", mas "esquecimentos" da Peruada.

Ainda bem!


Arcadas, terceira sexta-feira de outubro, CLXXXI


sábado, outubro 11, 2008

Vagas lembranças da primeira Peruada. Oba!


Capítulo V - A primeira Peruada. Oba !

Para um leitor ocasional, alerta-se que esses psicografados escritos são originários de Roy Babbosa, calouro de 1828, o espírito franciscano, por isso onisciente e onipresente. Além do que está em dp de Romano, pois não consegue entender a complexidade do conceito da propriedade horizontal. Conta-nos a gloriosa história da Faculdade da História, como testemunha ocular. Não na forma de notícia de jornal, mas de modo apaixonado, em crônica. Cabe-me apenas e tão-somente transcrevê-lo. Ai vai.

O que agora interessa é a Peruada. Oba ! Que diáfana e sinistra origem teria essa festa, passeando-se pelas cercanias do Direito, metendo a boca em político safado e a boca no gargalo, prá variar ?

Assim foi a primeira Peruada. O mote desse relato: Vamos meter o Peru prá dentro das Arcadas !

Roy fez-se calouro por obra e graça de sua patroa, Domitila. Era feitor nas fazendas da moça, pau-prá-toda-obra. Feitor das escravas e da patroa. Substituía Dom Pedro , que só vinha pontuar a dondoca três vezes por ano, já que a ponte aérea ainda estava por existir. A carne é fraca. Por isso, assume Roy essa tarefa. Logo, Domitila conscientiza-se que Pedro é pouco. Por isso, faz o Imperador criar a Faculdade de Direito: XXXIII vagas ! Um calouro por dia. Três XI ordenados Entre eles, Roy, para coordenar os meninos.

Diariamente, após as aulas (é! A parte maçante da Academia), reuniam-se no centro do Pátio e cada qual recebia um número. O que saísse com o XI deveria comparecer e conhecer” (linguagem bíblica: franciscano também é cultura) a DoMETIla naquele dia. Seria excluído do sorteio. Ficaria até o mês seguinte na saudade. Nada de barangas. Não as havia. Àquele tempo, balada era tiroteio. Mulheres, só dos bandeirantes e outros temíveis desafetos. Melhor não. Mais vale um peru nervoso por um mês que perecer eunuco !

Portanto, o sorteado do dia era o felizardo! Lá se ia ele, rua da Freira abaixo. Nosso relator, Roy, retira-se e vai cuidar das escravas. Era duro com elas. Elas, muito abertas com ele. De suas andanças é que ficou conhecida a expressão atrás-da-moita. Muito ali se fez. Quem dava assistência técnica para toda essa maçaroca de tribulações era o médico Libero Badaró. Fazia o papel de porteiro de boate: trabalhava onde os outros se divertiam. Mas dava também lá as suas marteladas. Na Marquesa e nas escravas. Resumo: especialista em coito e pós-coito.

Assim se passavam os meses: estudava-se Direito e fazia-se sorteio. Vez por outra, uma Dança. Monótonas. Dançava-se mesmo. Nada de conversar lá fora, ver o Sol nascer, passear pelos campos de Piratininga, dar uns pegas, bimbas e quetais . Nada. Por isso, o tédio.

A grande diversão acadêmica se resumia na Visita Domitiliar. Lógico, fazia-se Poesia ali, recitavam-se grandes poetas, filosofava-se e se teorizava um Brasil melhor. Não, não havia comunistas ainda, com a graça de Deus. Mas só isso não acalma o peru. Por isso, ficou ela conhecida como “a Perua”. Um demônio a dita. Acabava com o pobre franciscano. O sorteado voltava que era um traste, feito a uma uva-passa, todo ralado ! Judiava mesmo, sem dó. Reza a lenda que Dom Pedro criou o Poder Morderador em homenagem a ela. Por isso, lá pelos idos de outubro, revezando-se ainda nos sorteios diários, resolveram os franciscanos fazer uma grande festa. Aproveitaram-se do animus jocandi, norma fundamental franciscana, recentemente inaugurada. Era essa a idéia: iriam fazer a visita à Domitila, todos juntos !

Na terceira semana de outubro prepararam-se todos os franciscanos, regados à “água- ardente” prá temperar o clima. Devidamente calibrados, alguém deu a idéia de dar feição de manifestação política à caminhada. Era preciso disfarçar um pouco a empreitada. Surgiram então frases como “Com a sua fé e as nossas fezes, vamos mudar São Paulo”, “Dom Pedro não vem a São Paulo, a gente mete o pau na Marquesa” e outras preciosidades. A frase principal, conhecida dos franciscanos e desconhecida da população era “Vou meter o meu peru prá dentro das Arcadas”. Todos sabiam que as Arcadas eram as Arcadas e pronto ! O que não sabiam é que essa era a jocosa intenção: após trinta e três, ficaria ela até com as pernas arcadas, semelhantemente àquelas do nosso Pátio!

Éramos uma são Paulo de XI mil habitantes, em 1828. Música, só canto gregoriana. Nada de DJ, Disco, Techno, Rock, Axé. Então, prá fazer barulho, como um último Recurso, alguém surgiu com instrumentos musicais e formou-se então a Bateria Agravo de Instrumento da São Francisco, BAISF para os íntimos. Tornou-se o Território Livre uma grande carraspana: franciscanos altamente entorpecidos, ao som do primeiro e então único hino , “Onze, Onze”. Há que se lembrar que não havia ainda a espécime “franciscana”. Um verdadeiro quartel, a Academia! Para despistar, nossos ancestrais resolveram fazer um percurso indireto, aproveitando o fato de que ao ébrio a linha reta é um enorme desafio, saíram por um tortuoso percurso prá percorrer o imenso “triângulo” que era São Paulo.

Lembram-se das filhas dos donos da cidade, as monótonas dançarinas ? No caminho, ao som “acústico” da BAISF, franciscanos traziam para o meio da festa aquelas donzelas e enchiam-lhes o caco com o mais batizado goró. Longe do pai, calibrada pela cachaça, as donzelas o que mais queriam era se desdonzelizar. E dá-lhe moita ! Hoje temos a mulher-melancia, mulher-trepadeira e etc. Naquele tempo, só mulher-capim mesmo. Ao aborcar uma provinciana, franciscano saía cantando “Primeira, Primeira, eu sou da Primeira !” Surge também o que hoje se transformou num jogo de cartas: o truco ! Era assim: chegando o franciscano à décima-primeira donzela pontuada, gritava XI ! Um fuzuê ! Todos o erguiam nos ombros, carregado triunfalmente, ao som do Onze, Onze ! , até que viesse o próximo. Assim por diante. Desde o incêndio de Roma, não havia balbúrdia semelhante ! Todos de fogo.

Chegaram à casa da Marquesa. Porém, àquela altura dos acontecimentos, não teriam condições de consumar o ato, ocorrendo assim apenas o crime tentado. No percurso e com as donzelas tinham deixado toda a sua energia e o máximo que conseguiam era ejacular pela boca, um vômito desmedido. Além do que, lembravam-se vagamente do que realmente tinham ido fazer ali. O que era mesmo ? Por isso, como vazia manifestação, xingaram um pouco o Imperador, só prá constar. Era um germe da esquerda festiva, que grita por gritar e nem ela mesma acredita. Continuaram até voltar ao Largo e às Arcadas, que é a única coisa que lembravam. Dai surge essa tradição de completa amnésia pós-Peruada. E surge também a primeira e tosca trova, curiosamente com o verbo no futuro, pois que passado não havia: Aqui será berço da História/do nosso Brasil, Pátria amada/A gente vem prás Arcadas/querendo fazer Peruada. Coisa de breaco, bem se vê.

Esse, mais um heróico ato franciscano. No dia seguinte, todos os jornais do mundo, o New York Times, a rede lobo, a internet , tudo, noticiavam: Franciscanos fazem a Peruada ! O diretor da Faculdade não queria permitir, mas os franciscanos dormiram, fizeram a primeira Vigília do Peru nas Arcadas, e saíram do mesmo jeito; o prefeito da cidade quis impedir mas não conseguiu já que só levávamos faixas e não outdoor; A Igreja falou que era o fim dos tempos; o presidente americano alertou sobre terroristas, esses franciscanos fundamentalistas; a polícia queria mandar a tropa de choque, mas foram desligados; argentinos, morrendo de inveja, quiseram fazer uma também e, em homenagem a outro animal, criaram a “Viadagem”; cariocas, por não terem outra motivação, promoveram um arrastão; astrofísicos documentaram o surgimento de uma nova estrela e a batizaram Sanfran; muçulmanos reivindicaram a primazia, dizendo ser a sua peregrinação à Meca mais antiga. Esqueceram-se de que a nossa meca é mais gostosa, onde canta o peru-sabiá; doutrinadores do Direito questionaram sobre se a Peruada era um ser, advindo do poder soberano inserido na norma fundamental franciscana; os alunos dos cursos de alfabetização jurídica espalhados por esse Brasil queriam dizer que tinham também participado; religiosos bíblicos confirmaram ter o Sol parado pela segunda vez, prá ver a banda passar; ufólogos viram discos voadores sobrevoando a cidade para assistir a parafernália; o presidente afirmou que essa era realmente uma campanha de fome zero: todo mundo comendo ! O próprio Deus, que todos sabem ser brasileiro e franciscano de carteirinha, abriu uma janela no Céu para apreciar o movimento. Lançou como benção um manto de Amizade e de Alegria sobre as Arcadas, a reinar entre franciscanos. Essa norma eventualmente não tem plena eficácia quando das eleições para o Centro Acadêmico, quando a chapa vencedora exclui o elemento XI. No Universo não ficou pedra sobre pedra !

Por recomendação do doutor-calouro, professor Libero Badaró, a nossa rica história precisa ser contada em doses homeopáticas. Por isso, Roy psicograficamente deixa aqui as suas impressões, como testemunha ocular, sobre o início da tradição dessa Academia de tradições, a Peruada. Não se contam aqui mais repercussões do evento, evitando que se possa pensar que houve qualquer exagero. Ele se desculpa ainda por não ter muito mais detalhes prá dar, tendo em vista a ocorrência de pt, por coma alcoólico, o que lhe resultou em certa confusão mental, alheamento e amnésia.

Roy Babbosa, o espírito franciscano, na única psicografia autorizada, realizada por
Luiz Gonzaga ________________________________ Arcadas, XI de outubro, CLXXXI

domingo, outubro 05, 2008

Carlão avisa: nesse ano, tem Peruada no céu.


Essa Poesia foi escrita como que em despedida num discurso de Formatura. Uma homenagem ao espírito franciscano, que faz diferenciar tanto esses já diferenciados habitantes dessas Arcadas, de quem tanto nos orgulhamos. Dela e deles.

Depois de cinco longos anos, fica muito difícil saber o que é mais, se ter o espírito ou conviver com Ele. Porém, esse é um problema tão maravilhoso que qualquer da Terra gostaria de tê-lo. Feliz de quem os têm a ambos.

E pretendia eu, apresentar a Poesia na Vigília, dia tão especial, noite aliás, em que, alguns poucos, nos dispomos à simples contemplação, reverência, Amor ou sabe-se lá o que mais, aguardar com as estrelas, a chegada da Peruada, nesse sacrossanto Pátio das Arcadas. É uma experiência incrível que convido você também a participar dela.

Leria eu, então a Poesia, uma reverência, em ambiente tão propício.

Quis Deus porém, em seus desígnios tão desconhecidos e a nós tão absurdos, levar um de nós, verdadeiro espírito franciscano.

Dizia-me o Carlão, quando então calouro: “se é como você diz, tem-se o espírito ou não, não vamos adquirindo-o aos poucos, então, pode ter certeza que eu já o tenho comigo. Mesmo antes de ter passado na Sanfran!”. Magníficas palavras essas!
Como um defensor da idéia tão mal-interpretada de que as festas deveriam “vender” a grife Sanfran, era-me bom saber que um calouro levaria à frente o espírito. Ele não só compartilhava da idéia, como as realizou na prática, para espanto dos anti-umbiguistas. Vide o sucesso do Baile do XI.
Nesse seu pouquíssimo tempo entre nós, realizou muito mais do que a maioria, em cinco anos. E meus diálogos com ele sempre foram nesse tom de brincadeira e “cobrança”, acerca do espírito.

Alguém admirável e brilhante, de origem humilíssima, mas que jamais alardeou isso, para mais ou para menos. Não era de palavras, mas de ações. Conseguiu conquistar a Amizade, o respeito e o Amor de todos nessas Arcadas. De tão franciscano, foi-se embora no dia de São Francisco!

E nós aqui, ficamos com as suas lições e a sua Alegria. E com a certeza que realizará a primeira Peruada no céu !

Como uma singela homenagem, dedico então a ele a poesia.

A poesia do Espírito

É uma aura que nos envolve e abrilhanta
Ele nos anuncia antes que cheguemos,
mas também nos denuncia e cobra, só por estar em nós
Ele nos engrandece,
mas pede humildade para que possa se expressar.
Ele nos causa orgulho,
mas jamais poderá ser fonte de arrogância
Ele nos torna uma fortaleza ,
Não para nos enclausurarmos nela
Mas para partilhar com todos essa grandeza.
Ele causa a admiração geral e o respeito,
mas desperta a inveja e o ódio de alguns.
Ele se expressa pelo animus jocandi
Ciente de que o riso
fertiliza o espírito
e germina a criatividade.
Ele expande a mente,
mas apenas se for para expressar o coração.
É fonte da eterna juventude,
porque eterniza a sua obra,
qualquer que seja ela.

Essa, a Poesia. Esse, o Carlão.

Luiz Gonzaga ____________________________Arcadas, IV de outubro , CLXXI