quarta-feira, dezembro 16, 2009

O Estado é nóis!





Nobody told me 
There'd be days like these...
(John Lennon)



É preciso viver a vida! Viver cada dia como se fosse o último. Diz o ditado: um dia você acerta.


Por isso, preparei-me gentilmente para ir à festa. Não pode ir muito tarde, porque o Kassab mandou que os bares fechem até à uma da manhã. Mas também não dá prá ir muito cedo, porque o Serra só deixa você circular de carro, depois das 20 horas. Isso porque ele circula com carros oficiais, dos mais variados.


Espremido entre os horários, pego a Imigrantes. Estrada ótima, mas só pode ir até 90 km/h, senão leva multa.  Depois, em ruas mais estreitas, poder-se –ia até tirar a diferença. Caso não houvesse lombadas eletrônicas, onde a gente é multado a 40 km/h.


Por isso tudo, pretendo avisar os amigos que não chegarei tão cedo, ma s não posso não. Se usar o celular dirigindo, lá vem mais uma multa. Uso então os meus incríveis dons telepáticos, mas em vão. Talvez, para uma sexta à noite, até o éter esteja congestionado. Nem mesmo uma linhazinha cruzada com alguma disponível à esta hora da noite. Nada.

Depois de tudo, consigo então chegar à Vila Madalena. Fica difícil encontrar o lugar, já que o Kassab mandou retirar todos os cartazes, letreiros, outdoors e etc. Fico pensando se ele fosse candidato a Prefeito em Las Vegas ou Nova Iorque. Can you imagine?

Deduzi então o endereço. Procuro estacionar o carro. Mas cadê vaga? Se eu fosse, como sou, afro-descendente poderia pleitear uma cota para uma vaga ou algo parecido. Mas, não. Caio na mão dos flanelinhas, que cobram a bagatela de 30 “cruzeirinhos”, para estacionar na rua. O valor se refere à compra da isenção a que eles não depredem o carro. Ou o furtem.

 Entro no dito bar, após uma longa fila para pagar 20 pratas prá entrar. Finalmente encontro os amigos. E esse é um momento de alegria. Feitos os cumprimentos e as festas habituais, vamos ao bar. Outra alegria: uma cerveja. Cinco reais, mas tem que pegar com um guardanapo. Não para não molhar a mão. Para não queimar os dedos, já que a dita cuja está quente. Penso até que ela seja vendida quente, porque a gente nem pode beber. Na saída tem um bafômetro. Conseqüentemente com uma multa. Grande Kassab!

Depois de uma cerveja, claro que vem um cigarro. Não, não pode. Fumante virou criminoso, bandido, marginal e persona non grata. Como todo antigo fumante, o Serra é um atual chato. Mas, como virou governador, adquiriu o direito de institucionalizar o chato do ex-fumante. Cadê os direitos das minorias? Se quiser, tem que sair do bar. Fumar, só na calçada. Agora elas estão vazias, porque o Kassab proibiu os bares de colocar cadeiras nas calçadas. Como paguei para entrar, ganho um belo carimbo no punho e um segurança me conduz, por uma porta lateral, à gloriosa calçada. Não a calçada inteira, lógico. Com uma corda, fizeram um chiqueirinho para os detestáveis fumantes. Cerca de dois metros quadrados. Como tinha cerca de trinta pessoas ali, imagina-se a maravilha! Nem mesmo em  presídio dos piores que há por ai a concentração humana é maior.

Já a cocaína, crack, ecstasy e outras drogas mais leves, isso pode. Estão até providenciando para que traficantes seja descriminalizados. Para facilitar as transações, claro. Fumar cigarros , não. É out!

Volto então, para as mesas ajuntadas dos amigos. A essas alturas, não havia mais cadeiras. Peço uma ao garçon, que diz que vai providenciar. Volta com uma banqueta com três pernas. Uma das quais está bamba. Prefiro então permanecer em pé.  

Já que não posso beber mesmo, decido brilhantemente por uma Coca-cola. O garçon me informa então que só tem Pepsi.

Desisto! Despeço-me dos amigos e retorno para casa, pela pista da direita. A 30 km/h. Que devo reduzir, já que tenho que parar. No pedágio.

Puto da vida como estava, o melhor lugar a me dirigir, seria naturalmente a um puteiro. Mas o Kassab é mais chegado ao quibe do que à esfiha, como todos sabem. Portanto, deu-se ao direito de fechar os puteiros. Na vã ilusão de diminuir a concorrência, talvez. Caso nossa próxima prefeita seja lésbica, a regrinha passará a ser muié cum muié ? E nosoutros aqui, como é que ficamos?

Fico então pensando, já que a isso posso recorrer, sem medo de ser multado ou impedido: caso o próximo governador seja vegetariano, seremos todos condenados a morrer comendo apenas alfafa e coentro? Comer carne será proibido e sujeito a multas?

Se a nossa próxima presidenta, que era assaltante de padarias (e continua carreira, mas em Brasília), conseguir usurpar o trono, seremos proibidos de ser honestos?

Na Era Mula institucionalizou-se a ignorância. Nesse reinado do Imperador do Mato Virgem o que é Direito não vale um dedo mínimo. Já que um analfabeto apoderou-se do Planalto, qualquer um se dá ao direito de dizer o que bem entende e é dado como certo. Nos tempos da boa e velha Medicina, Pneumonia era causada por um bichinho chamado pneumococos. Hoje quem provoca pneumonia é o cigarro. Está escrito nos maços de cigarros. Pode?

Noutros tempos, o dedo do rei era a medida oficial do reino. Mas isso era um regime absurdo de absolutismo da vontade de um ou de uns poucos. Então inventaram um estado e apelidaram de democracia. Passou-se então para o reinado da vontade geral. Legal, muito legal. Mas no Brasil, peculiarmente, como sempre, passamos de um “O Estado sou Eu”, para um “O Estado é nóis!”.  


Diante de tudo isso, peço encarecidamente a você: caso queira me convidar para a sua festa de aniversário, avise-me com antecedência. Ofereço gentilmente a minha casa e pago a sua festa. Sairá mais barato para o meu bolso e muito mais para a minha paciência. Mas só que terá que ser à tarde. Porque às 22 horas começa a lei do silêncio. E seremos multados.

AAArcadas, XI de dezembro, CLXXXII


sábado, outubro 17, 2009

... e Peruada? Obas!





Quis Deus, o Destino ou a Comissão de Pós-graduação, que a Lista de Aprovados no Mestrado das Arcadas para 2010 saísse exatamente no dia da Peruada. Obassss! Assim, esse breve relato será com o tom esfuziante de um novamente feliz calouro. Eterno aprendiz. Mesmo sendo a VI Peruada. Dessa maneira, quando se ouvir por ai o “assim falou o Mestre”, agora poderá ser verdade.

Acontece que jornalistas continuam com problemas com números. Contaram 1100. Seria problema de óptica, apesar das fotos? Seria problema de cotas? O certo mesmo é que estavam errados. Éramos, no mínimo, 1108. Muito mais do que 1827. Penso que eles contaram foi o número de policiais. Ai sim, tinha mais que isso.

Para vigiar uma comemoração de franciscanos, enaltecendo a Amizade e a Alegria, não seria preciso tantos. Quando a quadrilha MST invade propriedades por esse Brasil afora, nunca tem tantos policiais. Nem mesmo Polícia tem. E, quando chamam o Choque, eles reclamam. Não é muito estranho isso? Quando na mira das lentes da TV fazem cara de coitadinhos e reclamam da truculência. Só porque eles querem invadir, roubar e matar, chamam a Polícia! Isso é autoritarismo da direita reacionária, só pode ser!

Reinava, como sempre, um clima feliz de Peruada. Se é que se pode chamar uma fina garoa de felicidade. Ainda bem que ela foi rapidinho embora. Parecia até os comunistas, com suas camisetas vermelhas. Chegam e dão uma avaliada. Como não dá prá conquistar votos em meio aquela fuzarca toda, deixam alguns “embaixadores” e vão-se embora. Não podem fazer o feio de não comparecer à nossa maior festa. Permanece apenas o capovis. Ah, isso tinha bastante! Contabilizei ali bem uns cinquenta votinhos que comunistas depositaram em suas suadas urnas, para a eleição do XI. Ainda bem que, mesmo assim, mesmo dando, ainda não vai dar. Ô sorte!

A Peruada é o exercício da Arte do Reencontro. Gentes que não vemos com tanta frequência desfilando pelos corredores das Arcadas, a gente encontra exibindo suas grotescas fantasias na Peruada. E, se até mesmo Deus ou o Diabo não são unanimidade, a recepção varia conforme o gostar de cada um. Têm os que desviam os olhos, tem as meninas que parece que temem uma roçadinha em público, tem aqueles do apenas “eae?”. E, claro, aqueles cujo reencontro é uma festa, de destilada e pura Amizade e Alegria. Tem inclusive alguns franciscanamente exagerados. Fazendo rápidas contas, parece que são mesmo XI% de Amizade e Alegria.

Os restantes 89%, atribuo a uma pucanice desvairada, descontando comunistas que de mim não gostam, gratuitamente.  Eu, que lhes quero tanto bem, repudio apenas suas idéias canhestras. Suas pessoas me são caras, por serem franciscanos, tal e qual. Só porque não gostamos que nos traiam e à confiança de todos ? Só porque não queremos que entreguem as Arcadas nas mãos de invasores? Só porque achamos  que existem meios mais honestos e dignos de arranjar emprego de assessor de vereadores–suplentes do que querer tomar o XI para conseguir apenas isso? Só porque corrigimos os seus textos, cheios de imprecisões e erros mesmo? Só porque achamos que a sua Carta-programa é pior  que o da Hebe? Só porque farejamos um comunismo de fachada e griffe (e cobertura nos jardins)? Só porque queremos a São Francisco para os franciscanos? Por ter eterna alma de calouro, desgosto de vê-los ludibriando a meninada? Porque sentimos a má-fé na “brincadeirinha” de lançar a idéia do “trote diferido” entre os quintanistas, fazendo surgir, quem sabe, alguns votinhos? Não. Mas é só comigo a mal-querença. Eu, que sempre lhes reservei espaço-VIP na A LATRINA? Mas eles não têm paciência comigo!

Como um deles, ao se aperceber da minha presença, começou a cantar alegre, mui  alegremente: “vai, vai, vai, o Gonzaga vai embora!”. Não é uma graça de criatividade? Eu achei. Mas achei também que denunciou a sua alma comunista. Eles são sabem e nem querem saber o que se passa realmente nas Arcadas. Querem apenas tomar o XI e nada mais. Ou melhor, para entregá-lo, num depois, para o DCE, MST, Gaviões da Fiel e quetais. Aquele marquistóide alienado e lesado não sabia de nada. E nem sabia agora como vou gonzagá-lo: vão ter que me engolir por mais três anos! Tudo bem que engolem (ou cospem) numa boa, embora demonstrando certa relutância...

Parem tudo que parou a música! Por que parou a música ? Por que parou? Pronto, pronto, já voltou!

Em frente à Câmara, o discurso de sempre, desgastado de sempre, inútil como sempre. Mas, tá valendo! Da peruada, como manifestação político-circense-etílica fico com o etílico, que desce mais suave.

E um impagável e crescente scrum, em pleno Largo? São coisas de coisas que vou dizer uma coisa!

Além disso, as calourinhas que queriam saber se eu era mesmo real, de verdade. Deixei-as à vontade, para demonstrar que sou inclusive palpável. Argumentei filosoficamente que penso. Logo, existo. Com isso elas abaixaram também a guarda. 

Após a passagem pelo Largo, deixo apenas imagens, impressas digitalmente. Sem palavras. Deixo o link para quem quiser saboreá-las. Outras tantas mais, impressas apenas na memória, já que eu mesmo perdi o link com a realidade das coisas. Ficaram na Peruada.


XI-H
AAArcadas, XVI de outubro, CLXXXII

segunda-feira, outubro 12, 2009

Arcadas, século XXI: compre a sua sala




Marcelo Tas, apresentador do CQC, foi o primeiro entrevistado do Roda Viva do XI. Para quem não sabe, o “programa” foi devidamente expropriado em sua forma, daquele feito pela TV Cultura. Quando estava sentado em sua cadeira giratória, no meio do palco, no meio do Pátio das Arcadas, antes de iniciar o “programa” em si, deu vários giros, admirando aquele visual ímpar. Quando parou, com a mão segurando o queixo, fez um comentário, quase que para si mesmo: isso aqui é de uma magia sem igual! Apenas ouvi porque estava sentado ali, a sua frente.

Todos sabem que essas Arcadas são motivo da visita diária de uma infinidade de pessoas que aqui vêm para contemplá-las, tirar fotos para a posteridade e também para contar vantagens por aí. Cada franciscano, em seu primeiro dia, e esse a gente jamais esquece, sabe o frio na espinha que sentiu, ao se saber agora “um deles”. “São agora também minhas essas Arcadas” é a típica frase, talvez a primeira, a inflar o ego de cada calouro, iniciando por torná-lo, o ego, muito mais largo que o Largo. Não sabemos ao certo se alma tem forma. Mas, se tiver, a do franciscano é em forma de Arcadas. Disso eu tenho certeza.

Cada uma dessas Arcadas tem o seu nome. E o nome está lá porque foi aluno dessa Academia de Sciencias Jurídicas e Sociaes. E que, num depois, foi homenageado, por algum feito, ou pela vida toda, tendo ali eternizado o seu nome, postumamente. O caminho dos atuais alunos é pavimentado e ladeado pelos antigos alunos, qual a lhes dirigir os passos.

Assim como cada uma das salas da Faculdade, leva o nome de algum aluno ilustre. Sabidamente, são muitos os alunos ilustres e poucas as salas. Por isso, escolha dos nomes a serem homenageados se cristalizava pelo tempo. Nos últimos dez anos, apenas duas: Thomas Marky e Miguel Reale. Não se encontrará em qualquer estatuto, norma, portaria, regimento ou o que seja, critérios para a escolha, ou competência para tanto. Todas as infindáveis Tradições da São Francisco são feitas de maneira consuetudinária. Nada é positivado. Muito embora cada uma delas seja seguida como se fora uma cláusula pétrea.

Todo esse contexto ocorreu ao longo dos 182 anos de memorável História, sempre dentro de um espaço físico definido e imutável. Nos dias presentes, com a ampliação física da Faculdade e também com a bem-vinda prática de doações financeiras para a ampliação e modernização, tem-se um inédito problema: quem dará os nomes às novas salas? Quem pagou pela sua criação ou reforma? Quem o mecenas indicar? Quem o santo Diretor indicar? A Congregação? Quem os alunos indicarem? Quem, quem, oh, meu São Francisco?

Sabe-se, de longa data, que franciscano polemiza até sobre a previsão do tempo. Com os nomes “saláveis” não seria diferente. Surgem então as mais profícuas defesas, os ferrenhos ataques, as adesões, os conchavos, etc e tal. Apenas para condimentar mais o tempero, não custa lembrar que as Arcadas foram criadas para serem a Inteligência brasileira e disso fez-se a sua Tradição.

Reverenciando então a Tradição, com a peculiar Inteligência, tal impasse parece resolver-se com a única solução: a sala deve mesmo conter uma “micro-placa” indicativa do mecenas, benfeitor da obra. Nada mais justo. Porém, o nome da sala é de competência exclusiva da “comunidade franciscana”, abrangida por alunos, professores, Congregação e tudo o mais.

Qualquer solução fora dessa vai levar as Arcadas a se transformar em um balcão de negócios, onde “pagou, levou”. Isso é inadmissível. As Arcadas nunca foram um local para auto-exaltação. Exceto entre os alunos, mas isso já é lá outra história...

Se fôssemos criar uma faculdade de direito hoje, poderíamos buscar patrocinadores, com cada sala recebendo o respectivo nome.. Ficaria mais ou menos assim: Sala PT, que bancaria a sala e também a atividade dos forum da esquerda, entre os alunos. Sala McDonald’s, bancando uma sala e o Bandejão. Sala Johntex, bancando a Sala dos Estudantes e as Baladas. O Porão, patrocinado pelo Jack Daniels. Assim por diante. Uma verdadeira Faculdade Hall da Fama. Não existiria problema nenhum nisso.

Mas a Faculdade que temos nas Arcadas, anexa ao Pátio, ao Porão, à Academia de Letras tem uma Tradição e uma linda História. Que seja respeitada, então.

Aquele olhar de admiração daquele visitante, citado no início, é o mesmo que o nosso, não só no nosso primeiro dia como alunos, bem como nos demais de nossa inteira vida. Olhar de admiração, de contemplação. E de orgulho.

Se querem vender nomes de salas, pois muito que bem! Podemos também então começar a vender jazigos. Julius Frank lá está enterrado. Podemos vender um espacinho do Pátio prá mais alguém, que pague mais, claro. Um cemitério com a griffe Arcadas !

Podemos construir mais Arcadas, prá vender prá outros Presidentes também. Certamente o Lula arremataria duas. Pagando com o caixa dois, óbvio.

Já que vendemos as salas, vendemos jazigos de cemitério, vendemos Arcadas, que tal vender curriculum de aluno para alienígenas? Não temos lista mesmo ! Bedéis foram aposentados! Tranqüilamente podemos enxertar nomes estranhos àqueles das listas originais do vestibular! Zé Dirceu, antigo aluno. (Ai o Mula não pode: todos sabem que ele fez senai). Os “heróis” fujões do Araguaia, antigos alunos. A Dilma, antiga aluna (e, nas horas vagas, assaltante de padarias). Faríamos assim uma nova História, a personificação da estória do Ali Babá.

Aproveitando também a grande liquidação, para os menos bem-colocados financeiramente, mas dispostos a serem abençoados com algo de franciscano, poderíamos leiloar cada pedra do Largo. Uma Simonia. Uma entrada para o reino dos céus.

Não, não e não. Se Harvard é a Faculdade mais nem conceituada no mundo da Commonwhealth, a São Francisco o é desse nosso grotesco mundinho do Direito Romano-germânico. Como tem muito franciscano, em seu eterno espírito de colônia, indo fazer a sua pós-graduação em Harvard, quer trazer de lá coisas que só cabem para lá. Nosso pseudo-capitalismo, mesclado com pitadas de feudalismo e emoldurado no rançoso obscurantismo inquisitorial católico não nos permite apenas copiar. Em Harvard, antigos alunos deixam suas fortunas como herança para o seu berço intelectual, em última análise possibilitador da primeira moeda. Uma reverência admirável como oferenda. Se isso ocorrer aqui, será uma verdadeira farra-do-boi. Há que haver o mutatis mutandis para tanto. E ele é o respeito à tradição na escolha dos nomes que farão as nossas vistas, de eternos alunos das Arcadas. Lá, os nomes dados são impregnados do ter. Aqui, nessas Arcadas, do ser. É a nossa História.

Luiz Gonzaga
AAArcadas, XI de outubro, CLXXXII

domingo, outubro 11, 2009

Plantão Médico Extraordinário

Plantão Médico nas Arcadas
Noite de 15 de outubro de 2009

Escolhido aleatoriamente, o dia 15 de outubro verá acontecer um Plantão Médico no centro do Pátio das Arcadas. Não se trata de uma homenagem ao dia dos Professores, muito embora eles o mereçam.

Todos sabem que recentemente passamos por uma epidemia de gripe HI NI. A finalidade desse plantão é fazer a prevenção da Gripe HI XI, a Peruada!, que sabemos não é aquela porcaria da outra gripe. Essa gripe é originária do Peru, seus eventos e seus fiéis seguidores. O Peru nos vence primeiro no Grito. Por isso, queremos que todos possam segui-lo tranquilamente, sem quaisquer impedimentos burocráticos administrativos, tais como aulas, provas ou até outras atividades laborativas menos dignificantes. Que eles arranjem outro gaiato para servir o cafezinho.

Portanto, atenção! Você pode precisar.

Nim serviço de utilidade pública, relacionamos alguns principais sintomas da Gripe HI XI, a Peruada:

I - Ao contrário de todas as demais gripes, a HI XI - a Peruada - acontece em outubro.

I I - Apesar de durar apenas um dia, ela se fazer presente durante todo o ano. Uma sensação de ansiedade. Por isso, quando acontece, todos  gritam em uníssono: Peruada, oba!

I I I - Causa amnésia. Seja porque você não se lembrará de nada mesmo ou até um esquecimento conveniente. Essa a razão porquê só se fala da próxima Peruada. A passada já passou e restou apenas aquela perguntinha inconveniente: o que foi mesmo que aconteceu ali?

I V - Ocorre uma exacerbação de hormônios. Assim, toda a lascívia acumulada causará uma explosão incontida e você sairá por ai, fazendo coisas, por vezes inusitadas. Nesses casos, o melhor a fazer é cantar "deixa a vida me levar", e seja o que Deus quiser! 

V - A Peruada causa muita sede. Antes, bebia-se de graça. Hoje, o preço já não tem a mínima graça. Que não seja por isso. Não fique na sede. Beba muito líquido. Se não tiver, que seja em gel mesmo.

V I - Um espírito ecológico repentinamente se fará sentir. Os mais ávidos carnívoros, tornam-se vegetarianos. Um efeito interessante. Por isso, uma dieta rica em ervas faz muito bem e é recomendada. Essa sim, pode ser de graça. Ao chegar ao Porão, apenas inpire profundamente. Mas não pare por ai. Compartilhe.

V I I- A Peruada causa um odor característico, inclusive pelo grande número de afetados. Por isso, é comum encontrarmos muitos com perfume, que se lança desbragadamente. Aproveite. É um coadjuvante importante.

V I I I - Apesar daquele cheiro característico de aglomerados humanos, o pessoal não deixa por menos. Talvez até seja pelo perfume que se lança no ambiente. Uma tendência biológica mantém corpos bastante próximos, unidos, atados, colados. Interpenetram-se. Comum é ver casais trocando de cepas do vírus. Nem que, para isso, seja necessário sorvê-lo de onde estiver. Sabe-se que os mesmos se alojam por todas as portas de entrada do organismo. Se o próprio nome já diz que é de entrada mesmo, que se entre, então. Eis o lema. 

I X - Caso você ainda não esteja no clima, talvez porque esteja ainda desidratado. Beba mais. Ou pode ser porque foi pouco infectado e precisa de uma quantidade maior do vírus a lhe percorrer o sangue. Nesse caso, releia o item X.

X - Alguns lesados e alucinados podem até pensar: "já tive uma Peruada em minha vida  e  é o bastante". Cada qual pode pensar como queira, a gente reconhece e respeita. Mas, dessa vez você está definitivamente errado. Talvez não tenha contraído a HI XI como se deve. A Peruada causa uma dependência desconhecida. Tudo o que se sabe é que melhor que uma Peruada é só outra mesmo. Portanto, sugerimos que você compareça mesmo ao Plantão Médico. Para viver a Peruada. Depois a gente encaminha você para um psiquiatra. Relaxa! Algo de muito mal deve estar ocorrendo com você.
 

X I - Por essas e por outras que a Peruada é algo que é impensável perder. Se é que é uma doença, morra-se por causa dela. Por isso mesmo é que se montou um Plantão Médico. Para que você sobreviva e participe de mais uma epidemia. Mesmo que nada permaneça em sua memória, para contar para os netos. Eles que, se quiserem, sejam franciscanos também. Certo? 

AAArcadas, XI de outubro, CLXXXII

sexta-feira, setembro 11, 2009

Help!


O beatlemaníaco é xiita. Ele quer o que os Beatles fizeram, como fizeram e como quando fizeram. O tempo congelado na década de sessenta. Isso dizem os que costumam tachá-los, pejorativamente.

Sob a visão de um deles (de um beatlemaníaco, não de um Beatle), nada mais natural que isso. Afinal, só perduram pela genialidade do que fizeram, como fizeram e quando fizeram.

Certamente hoje, qualquer adolescente, aprendiz de guitarra, tocará melhor do que John Lennon. Porém, nem o hoje, do século XXI, nem qualquer outro século produzirá outro John Lennon.

Portanto, quando quero (e sempre quero) ouvir Beatles, reporto-me aos meus bons e velhos, porém originais, long-playings de vinil. Qualquer versão acaipirada, techno, hip-hop, zouk, ou o que seja, são puro lixo.

Palavras de um xiita.

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Sou essencialmente fundamentalista em relação às Arcadas. Pelo exposto acima, tenho prática nisso. E estou bastante longe daquele famoso adágio: “não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho”. A razão, bastante também simples: busco as coisas que amo. E a elas dedico o meu amor, não porque as conquistei, mas porque busquei-as para amá-las. Uma lógica compreensível apenas a quem está acostumado a realizar sonhos.

Usando frase devidamente expropriada, posto que em domínio público: ser aluno das Arcadas é mais do que realizar um sonho. É viver um sonho. Sua insondável e inesgotável História está impregnada e se faz de uma grandeza ímpar, apenas comparável à grandeza da história individual de seus alunos, que farão a grandeza dela.

No Caminho de Santiago existe um monte, onde está, no topo de um mastro, uma cruz, símbolo do venerado percurso. Tal monte é composto de pequenas pedras. Pedras estas que foram depositadas, uma a uma, por cada um dos que ali estiveram.

Isto é Arcadas. O fundamentalismo franciscano fica por conta de aqui estar para apreender a sua grandeza para torná-la sua. E depois, ao construir a sua própria História, ser mais uma, nesse Jardim de Pedras. Fazendo parte Dela.

A analogia com os Beatles é apenas parcial. Para me imiscuir nesse sonho posso apenas fazê-lo ouvindo-os. Platéia. Aprendiz. De maneira xiita, essencial, fundamentalista, sorvendo apenas o mais puro original deles, tal qual viveram aquela mágica e misteriosa viagem, na qual fui passageiro (contemplado com um Ticket to Ride).

Para completar a analogia: ser aluno das Arcadas é como se, numa operação esdrúxula e surreal, pudesse eu me tornar um deles. Pois o real nome da Faculdade da História é Faculdade (da soma das nossas) História. Assim como cada pedra depositada no monte do Caminho de Santiago.

Por isso, para um franciscano fundamentalista toca o mais fundo do coração, ao ver passar meninos e meninas que vieram em busca da História da Faculdade. Não a encontrarão. Esqueceram de saber que lhes era condição vir apreendê-la para fazer a sua própria história, que seria dela. Aqui vieram apenas porque é uma escola muito-bem-paga-antecipadamente gratuita, que possibilita bons empregos e que é fácil passar de ano. Ah, e que aqui estudaram o Álvares de Azevedo, Fagundes Varella e Castro Alves!

Sairão dela como quem ouviu uma versão resmasterizada, adaptada, estilizada e “atualizada” de uma canção dos Beatles, em ritmo de forró, achando que conheceram a sua obra. Como diria o Batman: santa inocência!

Escrevo essas palavras ao tempo em que relançam, pela enésima vez, a coleção dos 13 discos dos Beatles. Agora estilizada, remasterizada, e o pior de tudo: “atualizada”. Para tentar acompanhar a genialidade daqueles fabulosos garotos, o cabalismo da data do lançamento: 9.9.9. Nove de setembro de 2009. Sem genialidades. A mim me lembra mais o espelho da Besta. Propala-se que, com as inovações tecnológicas, há melhora na qualidade, com eventuais correções. Desconsideram que a genialidade dos garotos fazia por superar, com o talento, qualquer inovação. Daí a maravilha da obra. Daí a permanência para todo o sempre.

Vivemos na Era do Replay. Mas com muita tecnologia. Isso sim! Obviamente comprarei a coleção. Mas, desta vez, apenas para constatar o crime que cometeram, ao corrigir as distorções geniais e propositais de Tomorrow never knows. Que Deus lhes perdoe. Não sabem o que fazem.

É garantido que, com um programa Autocad, pode-se projetar um monte muito mais belo e simétrico, naquele Caminho de Santiago, com as cores das pedras muito mais realistas do que a própria realidade. Não se duvida disso. Mas nada substitui aquele tosco pedaço de papel onde você esboçou, apenas com a ponta dos dedos, sujos de poeira e do próprio sangue, a visão do local onde você depositou a sua pedra, a compor o monte.

Por isso é que ser franciscano fundamentalista significa não apenas entrar para as Arcadas, mas ser parte integrante, atuante e criativo parcial de sua História. Aqui fica mais bem mais próprio o termo: XIita.

A consternação nessa lisérgica viagem analógica que faço, fica por conta de constatar a banalização dos genais garotos transeuntes franciscanos, tal e qual fizeram com a genialidade daqueles outros garotos, estes de Liverpool. É preciso torná-los assimiláveis ao grande público. Ao franciscano é preciso aparar as arestas da brilhante irreverência. É preciso banalizá-los, para que se tornem, tal e qual a manada subserviente, tão facilmente conduzíveis em sua passiva mediocridade.

Cruel a verdade daqueles versos: primeiro entram em seu jardim e lhe rouba uma flor... Esse foi o sentimento aflorado e germinador desses escritos: a implantação no Território Livre da bandeira que deveria ser da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, mas não é.

Sim. Primeiro, o Presidente do Povo providenciou a estratégica passagem das Arcadas ao domínio administrativo estadual. Depois tornou-se criatura da qual foi Criadora. Depois quiseram levá-la de seu berço esplêndido. Agora, fincaram a bandeira, possessivamente. Num depois, elegerão um franciscano para a gerência daquela. Franciscano esse não daqueles necessários, XIitas, fundamentalistas, mas um banalizado e “corrigido”. Depois, como não se disse nada, como nunca se disse nada, providenciarão a mudança das Arcadas para o Butantã. Franciscanos, que fizeram a História como atores, agora como mera platéia, estudantes de uma boa Faculdade.

E no Largo permanecerá um grande vácuo, vazio. Tal e qual o Ground Zero, depois do 11 de setembro. Talvez o prédio seja transformado em Museu. Exposto a visitantes curiosos, que nada enxergarão, além da beleza natural desse Pátio. Monitores contarão aos extasiados turistas com suas câmeras digitais sobre uma lenda que, nas sombras dessas Arcadas, existia o espírito franciscano que rondava por todo o prédio, iluminando cada aluno um brilhantismo muito especial. Certamente uma lenda apenas. Comprovado inclusive porque o espírito não saiu na foto. E sairão de lá felizes, acreditando que obviamente não existe mesmo nenhuma diferença entre aqueles Beatles intocáveis pelo tempo e os Oásis de hoje. E que franciscano é mesmo apenas um universitário como qualquer outro.

XI-h

AAArcadas, XI de setembro, CLXXXI

segunda-feira, agosto 17, 2009

Gente que tem que se acostumar com a derrota


Quando se opta por ser cronista franciscano, a coisa fica fácil: haja assunto, motivação, “inspiração”! Por exemplo: pucânus é (tem quer ser) acostumado a conviver com a derrota. Não é o mó legal? Conto:

Em um certo tempo perdido nesse diáfano manto que encobre os CLXXII anos de nossa pura e entusiasmante História, tivemos nós que acionar judicialmente aqueles perdedores contumazes. Isso porque tivemos o nosso sagrado direito ameaçado por uma pretensão resistida deles, em acatar humildemente a grandeza da Gloriosa Arcadas.

Julgada a demanda em primeira instância, é óbvio ululante que vencemos. Inclusive e principalmente porque tínhamos o próprio Direito do nosso lado. Além disso, e coincidentemente, o douto Magistrado era, como sói acontecer, franciscano da gema.

Acostumamo-nos rapidamente a ser vencedores. Vide algumas lindas canções que entoamos também em Jogos. No caso de Pindura bem-sucedido, na Delegacia encontraremos quem, como Delegado? Claro, um pucânus. Parece que está no sangue deles, talvez até no DNA esse silogismo aristotélico: se és pucânus, serás um delegado. Estranho. Com os avanços da decodificação genética talvez um dia encontremos uma resposta plausível para isso. Sendo por determinação molecular ou não, essa é a realidade real: na Delegacia, o delegado será um pucânus.

Convivemos também com diversas realidades outras. Tais como tropeçar em nossos pares da fmuhh, quando vamos licenciar o carro. Em lojas de sapatos, encontramos colegas de franca. Mack-orelhas parece que se afeiçoam em preencher vazios, deixados por franciscanos. Assim, ele será efetivado quando você, franciscano, optar por procurar coisa melhor. E assim por diante. É a vida!

Voltando das minhas divagações, à ação: sem o mínimo critério jurídico de avaliação de admissibilidade, condição de ação e outras delongas mais, não é que os ditos então entraram com um Recurso? Valha-me Deus, como são ousados os caras!

Passados alguns bons tempos, eis que chega o tal Recurso, às mãos do digníssimo Desembargador Relator. Obviamente, franciscano. Avaliados os pressupostos de admissibilidade processual da coisa, além do preparo, eufemismo dado ao pagamento necessário, seguem então os autos para a votação dos três desembargadores. Ah, sim, franciscanos, com certeza. Esperava o quê?

Após as acuradas ponderações, a votação final. Por três votos a zero, unanimidade, a rejeição do Recurso e o arquivamento do processo. Resultado semelhante àqueles que a gente costuma ver nas quadras e jogos, nos decantados Jogos Jurídicos. Por analogia e equidade. Um princípio geral do que é direito, digamos: vencemos.
Esses foram os fatos.

Acontece que temos que reformar um antigo adágio popular: “caiu na boca do povo!”. Agora dizemos: “caiu na net. Danou-se!”.
Foi o que aconteceu. Acabamos por receber uma mensagem de origem desconhecida, relatando os desencantos com a vida de pucânus. O que contrasta diametralmente com a alegria e orgulho de ser franciscano, claro.

O pitoresco fica por conta do texto enviado (que transcreverei apenas nas partes mais hilárias, sem entrar no mérito do porquê eles se tratam de “queridos”, mandam “beijos” e etc. Enviados?) por quem cuidava do caso aos seus diletos colegas:
“Queridos, (que é que é isso, minha gente!)
Cheguei ha pouco do Tribunal, ...pela nossa Gloriosa (?!) em face da decisão que julgou procedente a Ação proposta... (e ganha, aliás)
Com pesar, informo que foi negado provimento ao nosso Recurso por 3 votos a 0 ( e se eu estivesse no msn poderia assim me expressar: HUEHAUEHAUEHAUEHAUHAUEHAUAê!)
... O Relator Franciscano (claro! Mas gostei do respeito. É com maiúscula mesmo!) negou provimento, sendo acompanhado pelos seus colegas de turma (e de Arcadas também...).
Entendo que nos resta apenas aceitar a falhabilidade da Justiça (eita, pucânus! Anota aí: falibilidade).
Aceitar, sobretudo, que a derrota é algo comum (??????????!!!!!!!!!!!!! Fale apenas por você, pucânus. Dê-lhe o msn again: huauhsuahsuahsushsuahauashsueh!!!)
Eu nunca vi um recurso de apelação ter sido julgado tão rapidamente! (claro, né, pucânus! A Justiça é cega, mas não é coxa).

mimi-neiro
(puto por ter ficado na sala de julgamento e ter visto a comemoração dos Franciscanos). (é assim mesmo. Vivemos de comemorações! Nossa vida é uma eterna Peruada).
Beijos (?!?!?!)”
As minhas intromissões fiz entre parêntesis. Não dá pra 'guentar, né?
Outro prá vocês!

Luiz Gonzaga XIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXI AAArcadas, XI de agosto, CLXXXII

quarta-feira, agosto 12, 2009

Franciscântico

No blog de poetas-ecroto

http://apennix.blogspot.com
Franciscântico

Onzaga
Um fundamentalista em Arcadas

quinta-feira, julho 16, 2009

Brasília é a nossa Neverland

Inspirado no Deputado que construiu o seu castelo, o PT arrematou e comprou TAMBÉM a Neverland, já que o Michael Jackson parou de fazer cirurgias.

Lá serão instalados o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O Mula, em sua suprema sapiência, vê a possibilidade de grandes melhoras em seu contato com a realidade brasileira. A primeira delas, e a mais óbvia, é que ficará bem longe desse povinho que quer ficar sabendo de tudo o que eles arquitetam por lá. Um tédio isso! Além de ser uma grande calúnia! A segunda é que, aproveitando as mudanças do Acordo Ortográfico que nada acordou, serão feitas algumas mudanças nos nomes das nossas mais democráticas instituições.

Tais alterações são oportunas e necessárias, tendo em vista a adequação no tempo. Montesquieu já era! O negócio agora é o Mulismo!

O Poder Executivo passa, por Ato Institucional, ops!, por Medida Provisória, ops!, por Lei, a se chamar SEINADA. Muito embora essa evidência tenha iniciado no primeiro dia do primeiro mandato. Portanto, nem adianta ficar querendo saber de nada. O próprio nome da Instituição já lhe dá a resposta. Deixa o Mula trabalhar! Depois da cirurgia e tratamento para trocar a cor da sua pele “ideológica”, tem muito a fazer. Principalmente depois que agregou o Departamento de Compras as suas funções. Começou comprando votos de metalúrgicos, depois de funcionários públicos, depois de “artistas” (ou autistas, não sei direito), depois intelectuais. Após algumas cirurgias espíritas para adequar o perfil, foi eleito. Passou então a comprar os miseráveis e depois o Congresso. Aos empresários e estrangeiros não comprou. Apenas liberou. Ufa! Mas continua na labuta, visando a amealhar votos para se tornar o Imperador do Mato Virgem. Sempre negando isso, claro. Por isso, a capital em Neverland. Com a vantagem da mudança de direção, que o Mula não molesta criancinhas. Elas não votam. Assim, como um segundo “Pai dos pobres”, pretende assumir vitaliciamente o trono.

O Congresso Nacional passa, com o Acordo, a se chamar Compreço Nacional. Dado que alteração é homofônica e não homográfica, a regra é que se pronuncie tonicamente o “pre”, feito aos nossos compatriotas ultramarinos, pré. Tal adequação demonstra claramente a entrada oficial, no século XXI, do País no Capitalismo, iniciado no século XVIII. Do País, não. Na real, continuamos na Idade Média, no Feudalismo. Continuam em pleno vigor a vassalagem, a corvéia, a mão morta, as banalidades e etc. Claro está que são recursos que no Compreço também continuam vigorando, sendo o Capitalismo apenas adicionado a elas. O Escambo é recurso largamente utilizado. Mas se não der acordo, já que somos agora adeptos do Capitalismo, compra-se. O quê? Ora, compra-se tudo. O ser a favor, o ser contra, o abster, o ser oposição. Compra-se quem? Ora, todos, não?

O Compreço Nacional, apesar das adequações temporais e algumas alterações ortográficas, continua com suas duas Casas. Uma de Repouso e outra, um verdadeiro Prostíbulo.

O SONADO, instituição proposta pelo ultrapassado Montesquieu, devidamente atualizado e adequado às práticas atuais, é o representante do gigante povo adormecido brasileiro. Como uma legítima instituição democrática, modelito terra brasilis, seus membros não são eleitos por esse negócio ultrapassado de voto e vontade popular. São Suplentes, dos Suplentes, dos Suplentes de alguém que nunca esteve, hipoteticamente, no Amapá, mas sai candidato por lá. Melhor, cãodidato. E lá se implantam como se fosse a sala de estar de sua casa, ou melhor, terminal eletrônico bancário, e montam ali um balcão de negócios. O seu próprio bolso da esquerda, antes vazio, agora é fartamente preenchido com o dinheiro do Estado, como se fosse o seu bolso da direita. Mada mais natural que isso.

A DEPUTARIA congrega os Deputados. Como bem declara o nome da Instituição, conforme a nova ortografia, será ali erigido um monumento monumental à Patrona, Mãe Joana. A Herma do Ruy Barbosa será fundida e vendida como escória reciclável. Claro que superfaturado, para a empresa de algum apaniguado. Cansados de serem conhecidos como representantes do povo, querem agora ser representantes do Estado. Que a sua eleição seja patrocinada com os cofres públicos. Ou seja, além de engabelar você, surrupiando o voto, isso será feito com o seu dinheiro, caro eleitor. Com isso, será possível repassar a integralidade do caixa dois, que continuará óbvio vigorando, para outras contas. De preferência em outros países mais promissores, embora pequenas ilhas. Ali funciona também a Bolsa de valores, negociando Ações Escusas. O modus operandi utilizado para ser eleito é uma verdadeira Corrente da Felicidade. Você também, qualquer brasileiro, pode ser candidato. Desde que adquira, a preços módicos, uma franquia em algum dos “n” partidos políticos. Com o seu direito a candidato comprado, você empurra o de cima da Lista. Se tudo ser certo e nada der errado, um dia você também se elege, conseguindo ser aceito nessa boquinha. E será feliz para sempre.

O povo? Ora, o povo que coma brioches!
Povo, que aliás e finalmente, também foi contemplado com a mudança ortográfica, assim como o território nacional. Este passa a se chamar Picadeiro e aqueles, Palhaços. Mas com o sagrado direito de sair por aí, com faixas pela Avenida Paulista, exigindo honestidade, moralidade, estado democrático e tantas outras inócuas palavras bonitas e de efeito. Mudar não muda nada, mas que pode espernear, pode. É divertido.

Luiz Gonzaga
Arcadas, XI de julho, CLXXXII

segunda-feira, junho 22, 2009

Relatório anual de greve da usp: copiar-e-colar

De todas as festividades anuais, e haja festividades!, dos alunos das Arcadas, certamente a mais maçante é a greve da usp. Todo ano, já com calendário marcado, o povo do Butantã declara-se em greve. Os motivos reais dela não são declarados, provavelmente por serem escusos e espúrios, vide bandeiras do PSTU, MST e Gaviões da Fiel. Mas a pauta de reivindicações declaradas são aquelas mesmas de 1968. Os gritos de guerras também são os mesmos. Só os personagens e as datas mudam. Os gritadores atuais são filhos e até netos daqueles que brandiram suas armas e bandeiras, naquela longínqua Década da Paz, do Amor... e da greve. Alguns ainda até hoje moram de graça no Crusp. Netos, pais e avôs. Afora as lideranças, que se deram bem e hoje assentam-se em Brasília, distribuindo cargos e altos salários para si e para apaniguados, parentes, amigos and so on.

A São Francisco tem lá o seu vínculo burocrático-financeiro com a usp. Por isso, também anualmente, o Centro Acadêmico “XI de Agosto” faz uma enquete, consulta os alunos acerca da greve. A consulta é pro-forma, visto que feita para aplacar anseios dos líderes das greves anuais, pré-agendadas. Política de boa-vizinhança entre Centros Acadêmicos. Mas o resultado é sempre o mesmo: 60-80% dos franciscanos não quer greve, não adere e muito menos lidera greves. O apoio declarado pelos alunos é aquele, no melhor estilo “tá bom, façam lá a sua greve. Mas me incluam fora disso”. Sempre para o desalento dos grevistas, cujo sonho sempre foi inutilmente incluir a São Francisco em suas greves. O nosso sonhado cenário de “lutas sociais”. Afinal, o Território Livre é nosso quintal, todas a “grandes lutas” se travaram e se centraram em nosso Pátio. E a liderança pensante, brilhantes franciscanos. Isso tudo num glorioso tempo que nem usp havia. Era e é, como sempre, a São Francisco. Mas em vão. Arcadas, sem greve.

No transcorrer de tudo isso, acompanho com interesse renovado as longas mensagens e pequenos ensaios que se produzem na Internet, nos egroups das salas de todas as turmas. Primeiro, devo declarar que o pessoal tem tempo de sobra. Eu, para ler; eles, para escrever longas digressões acerca, inicialmente da greve. Favoráveis ou contras. Posterior a isso, o assunto descamba e passa a abranger o inimaginável. Tais como os direitos difusos, a Guerra de Tróia, os perigosos buracos negros, a recente ascensão do Corinthians, bem como o show da Susan Boyle. Canta muito bem a moça! Escrevem bem e bastante os admiráveis pares franciscanos.

Há uns cerca dez alunos da São Francisco que participam das manifestações de greve que 0,001% dos uspianos fazem, com aquela citada maçante regularidade anual. Tais alunos deixam na garagem da sua cobertura duplex no Morumbi os seus Audi, BMW e outros carrinhos populares, pegam um ônibus (argh!!) e vão para o Butantã, encontrar os seus pares de Esquerda, revoltados com a opressão e a desigualdade. Ressalte-se que, no caso desses alunos das Arcadas, ser de Esquerda não remete a qualquer ideologia, como primeiro se faz pensar, mas apenas indica em qual punho ele carrega o seu Rolex. Que deixa em casa, para se juntar ao perigoso, mas útil manipulável populacho. Esse proceder, enfadonho e renitente, faz parte da surrada cartilha para tentar inutilmente eleger esses dez alunos como Diretoria do “XI de Agôsto”. Resta lembrar que, enquanto houver um só aluno que tenha presenciado a traiçoeira palhaçada da gestão esquerda e grotesca do XI, em 2007, fica garantido que eles não serão eleitos outra vez.

O recurso chamado greve, em sua essência, sempre conteve a idéia de ser uma inesperada carta na manga, uma última arma, com a potência de um tsunami, cuja enérgica ação visava mexer com estruturas, aprimorar e equalizar algo. Isso lá pelos idos de antanho. Com o passar do tempo, pela banalização do seu uso previsível e único, num modus operandi anacrônico e repetitivo, na linguagem requintada presidencial, o tsunami passou a ser apenas uma marolinha. No máximo algumas ondinhas maiores, utilizadas para a prática salutar do surf, entre aficcionados. Que, obviamente sairão por ai, declarando em altos brados que manifestações escritas como essa que se lê, são a expressão de uma direita reacionária, fascista, pequeno-burguesa, dos opressores do maldito sistema capitalista, etc e tal. Descarregarão, como sempre, feito descarga, todo o vocabulário do kit-Marx que sobejamente conhecemos, pela repetição. Na falta de argumento convincente, utilizaram a tão criticada violência da Polícia. Com o diferencial de que esta age, quando age, por dever legal. Aqueles, por pura apelação.

Inovando, incrivelmente, dessa vez resolveram fazer uma grandiosa passeata, cujo destino era o nosso Território Livre, o Largo de São Francisco. Mas a inovação não é criatividade, é apenas o uso da fraude. Indução ao erro da mídia e do povo em geral, já que tendo o Largo como ponto final da tal manifestação, faz acreditar ao desavisado que aderimos, apoiamos e até lideramos tal greve. O que é uma mentira.

Enfim, a greve da usp: uma esquálida reencenação de edições passadas. Um show anacrônico e picaresco; inútil, porque vazio; agora, também criminoso.

Luiz Gonzaga
Arcadas, XX de junho, CLXXXII

segunda-feira, junho 01, 2009

O Direito Voluptuário

No Brasil, o que vale é o Direito Voluptuário. Ou seja, leis para que tudo fique bonitinho. Leis para tudo. Enquanto a realidade corre solta. E impune.
Agora será proibido fumar em locais fechados. Longe de querer defender heroicamente a saúde da população, a intenção mesmo é de criar mais uma forma de extorquir dinheiro de bares, restaurantes e afins.
Multar carros parados não impedem que atrapalhem o trânsito. Mas rendem milhões.
Vamos exigir que também sejas fiscalizados os estádios (que são fechados) e os locais de festas tipo Skolbeat (idem). Ah, e que aproveitem também para fiscalizar o tráfico de drogas, que corre solto ali.
Aproveitem também para fechar fábrica de armamentos e seu tráfico. Intoxicação por chumbo é mais letal que o monóxido de carbono do cigarro. Mata na hora.
Que fechem também as fábricas de motoclicletas, pois elas matam, por ano, mais do que a interminável guerrinha entre os diversos tipos de judeus.
Fechem também o Congresso, pois lá há os que desviam para seus bolsos o dinheiro que seria para que crianças não morram de fome, por esse Nordeste afora.
Para distrair a atenção do povo, além de futebol e sexo explícito no horário nobre, resolveram botar a culpa no cidadão por todos os problemas do mundo. Como se ele fosse o vilão e não o Estado. Assim, prendem por desmatamento um índio porque tirou casca de uma árvore, para fazer chá. Mas não prendem as “n” madeireiras chinesas que estão devastando a Amazônia, sob os olhos complacentes e corruptos dos que deveriam protegê-la.
Longe de mim afirmar que fumar faz bem, mas o que faz mais mal é a hipocrisia que tomou conta do assunto. Tudo e todos falando sobre os males que o cigarro faz. E todo o resto ai, acontecendo, como se tudo já estivesse resolvido. E o povo, ignorante como sempre, engole isso. E saem todos feito Dom Quixote, empunhando alguma bandeira imposta pela mídia.
Criam Leis espúrias e oportunistas, porém bonitinhas, sob o dogma de que o que vale é a Lei. Nossos códigos e Constituição são um primor de perfeição. Mas não sobre a realidade real que vivemos. Dizem, com toda a empáfia: vai para a cadeia! Só não completam a frase “... e será libertado meia hora depois, por um Habeas Corpus emanado pelo STF”. Ou ainda, sairá pela porta da frente do presídio, depois de todos devidamente comprados. Mas se tiver furtado um shampoo, esse está realmente condenado a passar o resto dos seus dias trancafiado. Provavelmente morra lá, antes de sair.
Penso até que toda essa campanha é patrocinada pelas fábricas de tabaco. Propaganda gratuita. Não, não. Mas falar sobre isso é Teoria da Conspiração.
Atropelaram até o único princípio que é sagrado em Medicina: NADA que ocorre no corpo humano é unicausal. Mas, com o cigarro pode. Afirmam como donos da verdade, na maior displicência e na maior ignorância: o cigarro CAUSA... Não causa! Desafio a qualquer um a comprovação das 4700 substâncias que dizem existir. Assim como desafio a comprovação da morte de apenas UM, por “fumância passiva”.
Quisera Deus que todas as doenças matassem como o faz o cigarro, depois de trinta ou quarenta anos de uso. Talvez nunca. O cidadão morre antes, por outro mal. Como a Náusea, por exemplo, diante de tanta hipocrisia.
A poluição causada por ônibus, caminhões e carros matam em questão de minutos. Se não acredita nisso, poste-se atrás de um ônibus ligado, por alguns segundos. Sulfetos, monóxido de carbono, chumbo e outras coisas estão ai, no ar, cada vez mais. Mas isso pode. Quando muito, a culpa é sua. Deixe o seu carro em casa. E tudo fica resolvido. Após claro, uma campanha televisiva custando milhões, que irão para bolsos muito bem conhecidos.
E esse Direito Voluptuário criou a Democracia, onde todos temos o direito de fazer como se manda. E o nosso rei, Monarquia Absolutista em pleno século XXI, cercado de bajuladores comprados, distribuem-se estrategicamente para também comprar a pseudo-oposição, que nada mais quer que desfrutar um lugarzinho saudável e rentoso. Para os muito ricos, os paraísos fiscais. Para os muito pobres, bolsa-família. Cada qual tem o cala-a-boca que merece. Recurso prá tudo isso? Vem das multas aplicadas sobre a espremida classe média. Que passa a vida bestamente trabalhando, para bancar o circo e pagar as multas.
Essa conversa toda poderia ser feita em uma mesa de bar, com alguns amigos, cervejas e cigarros. Mas não se pode beber, por causa do bafômetro. Não se pode fumar por causa do aquecimento global. E os amigos estão divididos, entre ser contra ou a favor de tudo isso. Talvez então conversemos pela internet, presos dentro de casa.
Claro está que alguns argumentarão: nossa! Como é que você pode defender o cigarro?
Não tendo sido afetado pelo vírus do "policitamente correto", vou morrer de overdose. Não de monóxido ou álcool, mas da hipocrisia reinante.

Luiz Gonzaga
Um cidadão

sexta-feira, abril 17, 2009

Mackenzista é bi? Ô loko!

Bem que canta o Chico Buarque: "tô me guardando prá quando o carnaval chegar..."

Já os mackenzistas esperaram Araraquara chegar para realmente assumir: são bi. É realmente uma decisão difícil essa, muito difícil aliás. Essa moral judaico-cristão é mesmo muito exigente (esse alusão é feita em homenagem aos leitores comunistas).

Quanto a serem campeões o foram, com méritos. Por isso estão de parabéns.

Nós franciscanos, sabemos bem como é esse sentimento. Já o fomos por vinte e três vezes. É muito bom cantar: é campeão, é campeão!

Porém, quanto a esse outro lado, já não podemos nos manifestar. Respeitamos o sagrado direito de cada qual dar o que tem, o que quer que seja. Tamanho era o desejo de declarar ao mundo a sua nova condição, que o Universo conspirou a seu favor. Claro que, na vigésima quarta, cabalisticamente, quem ia dar era mesmo o Mackenzie. Afinal, queriam gritar prá todo mundo: somos bi! Então, que seja!

Tanto compreendemos esse desejo reprimido, que ficamos ali, logo atrás, colados, para que eles se sentissem confortáveis e satisfeitos nessa nova posição.

Soubemos que a comemoração pelo novo título, agora bi, varou noite adentro, com mackenzistas chegando a morder o travesseiro, tamanha a alegria.


Puro prazer!

Cantamos junto. Sendo que agora têm um título para cada orelha, que ouçam a nossa modesta homenagem, no Youtube, ao Direito Consolação.

Luiz Gonzaga

Arcadas, XI de abril, CLXXXII

segunda-feira, abril 13, 2009

Jurídicos: reta final

Faltando 5 dias para os Jurídicos, sem dar orelhas nem ouvidos a quaisquer das "XI desculpas", mackenzistas já rumam direto para Araraquara. Partiram antes, por razões logísticas, vide foto do estagiário, cedida pela Acesçoria (sic) da sua Atlética, Sala João Mendes Júnior - um franciscano fundamentalista.


Bem diz a velha parêmia: "enquanto os cães laudam, a caravana pasta". Ou algo assim. (depois do Acordo Hortográfico e da crise da bolsa, a gente fica qual o Mula, sem saber de mais nada).


Ficarão eles confortavelmente instalados no Hotel-fazenda Capim Novo, cercanias de Araraquara, em baias individuais. Já devidamente vacinados contra a Febre Amarela e a Febre Aftosa, terão pista exclusiva para treinamento, semelhante àquela onde treinam em São Paulo, gentilmente cedida pelo Jockey Clube. Numa modalidade mais natural, as potrancas não teram selas. Terão que ser montadas em pelo.

Franciscanos, que são contra o trote, buscam o castelo de algum político local. Sempre tem um. Em primeiro lugar, Campeão só fica bem no pódium. E no BARCADAS vai vigorar a Lei Seca-Caneco.

Pucânus não tem pressa. Um segundo para eles já é satisfatório.

Esperamos que as demais participem também. Pelo menos isso.

Comunicamos que até comunistas já se manifestaram nesse blog. Pedem dicas de como pegar alguém. Metem-se só com o Capital. Depois, prá se meter com mais alguma coisa, têm que pedir dicas. Por mim, digo: quer se meter comigo? Então, vire-se!
Se alguém quer dar a sua dica, dá prá mim, que depois eu conto prá ele.

domingo, abril 05, 2009

XI razões para NÃO IR aos Jogos Jurídicos







Dos 31 Jogos Jurídicos ganhamos 23. Já fomos Undecacampeões, Eneacampeões. Agora partimos para o 24º título. Só pelo número, você já percebeu: vão dar prá franciscano!
Esporadicamente, a gente deixa alguém levar o caneco, que é pra eles não desistirem de vez. A política de boa-vizinhança do belisca-e-assopra.
Esse é um roteiro prático para instruir aquelas pessoas indecisas, que não sabem se cospem ou engolem, pensadores em geral. Não há o que pensar:
Jurídicos foi feito prá franciscano ganhar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A nossa tarefa mais difícil mesmo é ter que ir até Araraquara pra buscar mais um troféu. Ganhar é só uma conseqüência natural.
Não se preocupe: as pucanas armam a tenda, que é o nosso self-service: a gente vai lá, come à vontade. Depois vamos pro nosso BARCADAS e enche o caneco. E então vai prá quadra, ao som da maravilhosa BAISF, cantar nosso amor à Sanfran e levar os nossos atletas à vitória. Toda-poderosa Sanfran. Simples assim.
Mesmo assim, eis algumas dúvidas e desculpas que recebemos na caixa de mensagens d’A LATRINA. Com a nossa interpretação e recomendação.
Como o texto é longo, a sugestão: como auto-ajuda, leia um tópico por dia.
Daqui a XI dias você Vai aos Jurídicos!
XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI
Se você não teve a felicidade de ser franciscano, adapte esse texto para a sua... “facul”. Não vai adiantar muito. Mas, no desespero, toda tentativa é válida!
XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI XI

I desculpa: meu chefe não vai me liberar.
Hermenêutica: você “se acha” mesmo, né ? No seu escrotório, o único que acha que você tem alguma importância é você mesmo. Eles fazem de conta que se importam com você apenas por educação. Ah, e porque você também trabalha de graça, na condição de semi-escravidão. Não percebeu ainda ?
Recomendação: VÁ AOS JURÍDICOS ! Na segunda, lá pelas 14 horas você liga pro seu querido chefinho. Diz que estava voltando às pressas pra trabalhar, mas que o seu avião caiu! Você e uma pucana foram os dois sobreviventes e que estão perdidos numa mata fechada da Amazônia, divisa com a Colômbia. Tão que é só o pó. E na hora em que baixar a fome, a pucana já suplicou para que você a comesse. Essa parte da desculpa não tem nada a ver com a estória, mas é o que elas mais fazem, também durante os Jurídicos.

I I desculpa: você é calouro e está preocupado porque ainda não conseguiu entender como é que faz pra ler o Kelsen. Assim que entender, precisa começar a ler, porque todos os seus colegas da sala já leram.
Considerações: Calouro é burro mesmo ! O livro está de cabeça para baixo! Parece até pucânus, na prova da fudest: faz tudo errado! Primeiro, porque acha que vai conseguir ler o Kelsen; segundo, porque acha vai entender o Kelsen; terceiro porque não sabe que ele próprio não concordava com o que escreveu, então mudou de idéia; e, quarto, porque acredita que todos os colegas já leram. E mais: o Kelsen nunca foi aos Jurídicos. Por isso morreu virgem, mesmo tendo passado a vida debruçado sobre a Norma. Vai entender!
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS ! Porque temos boas notícias pra você, que não sabia porque calouro é calouro e tudo burro mesmo. Peça prá Tomika Gano, aquelazinha que anota todas as aulas pra pôr o caderno na Xerox do XI. Até o quinto ano provavelmente você vai ter cerca de dois metros de altura em xerox. Que não vai ter lido. Mas estão lá, feito pucanas: prontas pro abate!

I I I desculpa: você é um completo boçal.
Considerações: Não se deprecie. Por mais boçal que seja um franciscano, ele jamais será como uma mack-orelhas, um completo boçal. Respeitamos a sua deficiência mental, inclusive por saber que os computadores da fudest ainda não conseguem detectar anomalias nos genomas dos candidatos, tornando franciscano, eventualmente, algum deles. Como é o seu caso. Com os avanços da informática, a sua espécie estará então em extinção.
Terapêutica: VÁ AOS JURÍDICOS ! Araraquara, pacata cidade interiorana tá cheia de asnos, burros, jumentos e mulas, que ficam passeando pela praça e arredores. Têm também os que vêm de fora e se reúnem na Tenda dos pucânus. Bom, ai já é overdose. Cercado de tanta burrice, você recupera rapidamente a sua auto-estima. Teve um que quis ser fotografado. E virou a manchete dessa matéria d’A LATRINA (foto acima).

I V desculpa: você é um entusiasta franciscano, mas teve um probleminha: sofreu um acidente. Perdeu as duas pernas, os dois braços, ficou surdo, mudo, cego e está atualmente em estado vegetativo. E o que lhe sobrou de cérebro está pensando que o seu estágio como “peso para segurar petições” corre perigo, caso você falte na segunda feira.
Considerações: caro cotoco, você deve conhecer a antiga máxima: nem só de pão vive o homem. Conhece, né ? Então. Embora isso nada tenha a ver com o caso, não venha com desculpas esfarrapadas. Não seja pessimista. Acidentes acontecem. Se te sobrou alguma parte do cérebro franciscano, você ainda tá melhor que pucânus e orelhudos. Procure IMAGINAR o lado bom da vida: você, pelo seu reduzido tamanho, pode servir de vibrador pra alguma pucana perdida. É só você, depois de introduzido, ir cantando, a plenos pulmões: Toda-poderosa Sanfran! Pronto. Ela vai se deliciar! E você fará história: será o primeiro franciscano-OB das Arcadas !
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS ! Qualquer um vai ter vaga no porta-luvas pra te dar carona. Na Torcida Nota XI, a gente te coloca no estojo de um tamborim e tudo bem. No Aloja’s (quem inventou o apóstrofo?) a gente arruma um travesseiro pra servir de cama. Você só precisa ter uma precaução: deixe a língua de fora, pra gente te tirar de.

V desculpa: você bem que gostaria, mas não pode ir. Está comendo uma nova pucana e não quer “discutir a relação” com ela por causa dos jogos, perdendo assim o seu FGTS (Fucking Garantida Toda Semana).
Análise: o seu gesto é parcialmente louvável, no aspecto de colocar a pucana em seu devido lugar, isto é, deitada. Agora, não pode se esquecer que vai ser corneado logo mais. Porque, quando ela arranjar estágio no escritório de um franciscano, vai liberar pra ele também. Sobram pra você duas opções: você será corneado e pegará a sopa daquele nobre colega causídico ou larga a mão de ser imbecil e troque uma pucana daqui por 11,8 pucanas de lá.
Depois você explica que estava estudando para aquele concurso prá Magistratura. Como pucânus chegam , no máximo, a Delegado, ela nem vai saber do que você está falando. E vai mudar de assunto, ainda achando que você é genial. Simples, não ?

Sentença: VÁ AOS JURÍDICOS !

V I desculpa: Eu já fui a um Jurídicos e acho que já está bom.
Considerações
: é verdade! Dentro dessa sua brilhante lógica aristotélica então, supostamente você já deve ter dado a sua primeira bimba na vida. Então tá bom. Chega. Parta agora pra outras experiências. Temos várias sugestões, porém, só pessoalmente.
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS ! E para de viadagem.

V I I desculpa: eu morri.
Considerações: Caro zumbi, não venha com auto-piedade por aqui ! Isso acontece com qualquer um. São coisas da vida que você precisa superar. A morte é apenas uma passagem. Que seja então para Araraquara!
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS ! Você vai se sentir à vontade. Durante os jogos, os nossos adversários são todos uns mortos, mesmo aqueles que ganham bolsa. Na realidade, deveriam ganhar um caixão, não a bolsa. Já depois dos jogos, nossos insuperáveis atletas é que ficam mortos de cansados. E não ficam aí, reclamando como você, por causa dessa besteira insignificante. Morrer se morre uma vez. Por isso, dessa você já está livre.

V I I I desculpa: eu só assisto aulas, não conheço ninguém na Sanfran, não pego ninguém, não jogo nada, não bebo, não gosto de baladas e estou mais interessado na minha formação profissional. Prá que ir aos Jurídicos?
Considerações: caro franciscano-metalúrgico, você tem futuro. Mire-se no Mula: analfabeto e cachaceiro, mesmo assim conseguiu emprego no Palácio do Planalto. A gente entendeu perfeitamente que você é um inepto. Muito semelhante ao item VII, o Morto, sendo que ele tem uma grande vantagem: já fechou os olhos e deitou. É o que tá te faltando. Mas no meio da maravilhosa Torcida Nota XI ninguém vai perceber isso. A gente te fornece alguns chicletes e você fica mascando, fingindo que tá cantando. Igual aos jogadores da seleção, cantando o Hino Nacional. Depois você vai poder contar pros netos que, pelo menos uma vez na vida, você fez alguma coisa que prestou: foi aos Jurídicos! Para você, nada como aquele ditado também: viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta.
Palpite: VÁ AOS JURÍDICOS ! A gente notou que você ta velho antes dos vinte. Faça ao menos uma coisa que preste.

I X desculpa: Eu nem sei se a gente vai ganhar.
Considerações: captamos perfeitamente o brilhantismo da sua percepção das realidades da vida. A Torcida Nota XI é composta por brilhantes franciscanos, porém poucos têm o seu toque de gênio. Já aprendemos com o Galvão Bueno que existem as possibilidades da vitória, da derrota e do empate. Já aprendemos com a Luciana Gimenez a dar um giro de 360º na vida. Porém, contando com a sua abissal percuciência, podemos alertar nossos valorosos atletas sobre as demais possibilidades que só você pode enxergar. Quem sabe você não passe a fazer parte da nossa Comissão Técnica ?
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS !

X desculpa: Eu acho que VOCÊS estão cantando vitória antes da hora.
Considerações: não vai dizer que você também acha que o fogo queima ? E que a água molha ? É claro que nós estamos cantando vitória antes da hora. A razão, que passou despercebida por tão arguta mente, no caso a sua, é absolutamente simples: você percebeu que os Jurídicos ainda não começaram ? Por isso, é claro que é antes da hora!
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS ! Lá você vai perceber porque “nós”, que inclui você, cantamos vitória ANTES da hora, NA hora e DEPOIS da hora. Nós vamos lá é pra buscar o Caneco.

X I desculpa: eu não concordo que franciscanos fiquem xingando pucânus, mack-orelhas e toda aquela periferia jurídica nos Jurídicos. Coitados! Eles já são tão ruinzinhos, né? Ficar ainda massacrando os anencéfalos é demais! Penso que deveríamos nos integrar mais, para unir forças e tornar o Brasil melhor, com mais justiça social e menos desigualdades. Afinal, todos somos da mesma classe, a de estudantes de Direito e...
Contraditório: caro comunista, desculpe interromper. É que senão, até você terminar o Kit Um do Manuel, desculpe, Manual do Comunista Mirim, o povo já dormiu. Mas concordamos com você em gênero, número e degrau. Saiba que os Jurídicos têm uma função social muito importante sim. Você consegue imaginar que o consumo de goró que ocorre ali gera muitos empregos? Que tem que duplicar a produção de preservativos, pagando horas-extras, melhorando a distribuição de renda, pagando mais impostos ? E quem disse que não nos unimos ? Experimente ir nas baladas, que você vai ver todo o mundo coladinho. Já a força é moderada e progressiva. Exemplar!Então, boneca ! Relaxa! Você não vai acreditar, mas, na realidade, a gente só faz os Jurídicos e essa coisa toda é pra melhorar a condição do povo brasileiro. É o exercício da cidadania responsável e a nossa cota de sacrifício, né !
Sugestão: VÁ AOS JURÍDICOS ! Junte-se a nós nessa luta, companheiro!

Luiz Gonzaga _______________________________ Arcadas, XI de abril, CLXXXII

segunda-feira, março 23, 2009

Efeméride

A LATRINA - Um jornal que não é nenhum Diário Oficial, mas tem o mesmo conteúdo

A Número Um da Sanfran, fuvest-2009, foi parabenizada pelos pai. Mas quem não foi? Só que ela é diferente, né? Saiu no Diário Oficial! Uau!!!

Congratulação Oficial


Quando eu entrei na Sanfran
Pensava que eu era o tal
Meu pai chorou de contente
Faltou botar no jornal

Tivesse eu sido primeiro
Tivesse um pai conselheiro
Seria de fato legal
Ter a foto no Diário Oficial

Imagina se a moda pega
Do jeito que tem reaval
Contando desde o princípio
As contas do município
Dariam lugar sem refrega
As suas depês no jornal

Mas isso até não é nada
Outubro já tá pra chegar
Seria muito engraçado
Ter fotos da Peruada
Ela, em plena manchete
Notícia no Tribunal

Prá quem foi primeiro essa trova
Um preito de justa homenagem
Que o que ela fez, maravilha
E o que ele fez, sacanagem

Caloura, não me leve a mal
O que você fez foi bacana
Seu pai é que foi bem sacana
Um caso pra Tribunal.


Arcadas, XI de março, CLXXXII

R. Porter
Correspondente também no Diário Oficial do Município d’Além da Imaginação Tem uma filha no prezinho. Noticia que tá indo muito bem.

segunda-feira, março 16, 2009

A Vigília e a Batalha da Riachuelo: um diálogo expressionista

Em 19 de outubro de 2007 seria a Peruada. Como sói acontecer, na véspera acontece a Vigília. Uns poucos franciscanos que ainda sonham com a volta da Peruada dentro das Arcadas. Como ela nunca acontece, resta-nos passar a noite em estado de contemplação e êxtase, desfrutando da presença inconteste de nossos ilustres companheiros antepassados. O Pátio fica então superpovoado: uma overdose de espírito franciscano. Vigiadíssima por todo uma aparato de segurança, para proteger esse Monumento Histórico de eventuais excessos dos alunos. Medida desnecessária: o único excesso cometido era o de exaltação e reverência às Tradições e História da Gloriosa Academia. Vê-se que movidos apenas por um platônico amor às Arcadas. Além de outros vapores etílicos que nem vem ao caso.

Em meio à noite, uma cena inusitada: dois alunos carregando uma escada dupla de quatro metros de altura, banheiro adentro. Dado o caráter inconteste heterossexual dos dois, o fito não era trepar ali, na escada. Mesmo com toda a ambigüidade que a frase carrega. A singela intenção era a de fazer entrar, via Riachuelo, mais três ardorosos Vigilantes, deixados de fora. Ressalte-se que os portões das Arcadas se fecham às XI:08 h. Ficaram de fora, algo inconcebível. Na árdua tarefa são flagrados pela sizuda segurança. O Diálogo:
- O que é que vocês estão fazendo com essa escada aqui no banheiro, pelo amor de Deus ??????????????????
Gonzaga: Prince , o que é que nós estamos fazendo com essa escada aqui no banheiro ?
Prince, mineiramente: ah, sei lá !
Gonzaga: bom, já que a gente não sabe, então vamos voltar.
Prince: é. É melhor então.
E voltamos. Continuamos apenas a sonhar Poesia.

E tudo continuou igual debaixo do Sol. E a Peruada debaixo de chuva.

DINO SAULO – um antigo aluno

domingo, fevereiro 15, 2009

A prova da OAB: que gabarito!

Nessas minhas andanças pela seara do Direito, tinha mesmo que passar um dia por essa cancela. Verdadeiro mata-burros, literalmente: a prova da OAB.

E é verdade mesmo. Logo mais vai ter festa. Quando abrirem mais trinta cursos de enganação em Direito, nesse Brasilsão do deus-me-livre, estaremos completando o incrível e cabalístico número: 1108 ! É mole ? É “facul” demais pra cabeça, companheiro!

Lá vamos nós então: a prova da OAB. Fontes fidedignas me confidencnaram que a dita prova é feita com consulta, porque pucânus e mack-orelhas acharam que assim fica mais fácil. Dá pra passar, afinal. Porque, se não fosse assim, quem mais poderia passar ?

E chega de prolegômenos. Vamos à prova. Vamos à peça. Eu fui condecorado com ser o causídico, contratado pela dona Ana. Simpática senhora, nos seus lustrosos 64 anos, que me contratou com um escandaloso sorriso nos lábios: havia sido estuprada! E eu então deveria fazer a modorrenta justiça tupiniquim começar a funcionar.

Com algumas idéias na cabeça, sem lenço e sem documento, uma mala com cinqüenta (sem trema) quilos de verborragia jurídica, tinha que preparar... preparar o que mesmo? Uma queixa-crime contra o José, valente e corajoso autor daquela conjunção carnal constrangida, sob ameaça. Não é por nada não, mas eu gostaria de ter sido uma testemunha.

O delegado me argüiu se, nesse caso específico, não seria um caso de Apelação. Todo mundo sabe que delegado geralmente é pucânus. Parece que é o sonho maior deles. Caso típico de nulidade absoluta. Talvez um fator limitante cerebral, sei lá. Mas, dessa vez, tive que anuir. O cara tinha algo de animus jocandi. Realmente, era apelação mesmo !

Um cidadão, em sã consciência, estuprar uma donzela de 64 anos? Ah, faça-me o favor, não? Certamente que iria colocar esse fato como indicativo para aumento de pena. No mínimo o dobro, que o infeliz merece! Fosse lá uma jovenzinha, em seus esfuziantes vinte aninhos, teria lá o meu aval, como diminuição de pena e também atenuante. Ora, pois!

Teve sim testemunhas oculares do grotesco fato. Um casal, casado. Presenciaram toda a cena. Por certo ser-lhes-á indicada terapia, com certeza. Não deve ter sido fácil, não. Ela afirma que a entusiasmada e estuprada Ana gritava, a todos pulmões: me largue, me largue! Já o marido discorda. Confirma que a gritaria, por parte dela era mesmo infernal. Porém, o que era realmente gritava era: milagre, milagre!

Eu cá não sou juiz pra julgar nada , mas por todos os carnavais que já vivi, fico com a versão masculina.

Então eu comuniquei à Ana que precisaria dela uma procuração. Ela ficou espantada com isso. Mas, seu doutor advogado, o senhor tá nessa de “procuração” ainda? Eu também estava, sabia? Procurava, procurava, e nada! Até que me apareceu essa santa alma do José! Mas agora a gente tem que dar queixa, né? Fazer, o quê? Será que a gente não poderia oferecer pra ele aquele negócio de “relação premiada”? Será que eu vou poder visitá-lo na cadeia? Será que se eu oferecer uma indenização para ele, pode haver o caso de reincidência? E crime continuado, como funciona?

Eram muitas as dúvidas da entusiasmada constrangida. Pobre José, quanta violência! Realmente não cabia essa de delação premiada, a despeito da euforia da estuprada. Mas a minha queixa-crime foi um verdadeiro parto. Isso foi! E eu ainda tive que escrever que a vítima, no caso, o José, deveria ser condenado. São ossos do ofício.

Por certo que tenho uma visão não-ortodoxa do Direito, coisa e tal. A julgar inclusive pelos outros brilhantes artigos, tentando criar uma Doutrina só minha, peculiar.

A julgar pelos acessos da Noruega, Moçambique, Suíça, Indonésia, e outros fins-de-mundo, parece mesmo que é esse o destino d'A LATRINA: espalhar merda para o mundo inteiro. É bom isso!

Com tudo isso, fico só pensando: será que fui bem nessa provícula da OAB?

15.04.2008

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Ode ao calouro

Ao ser-lhe outorgado o sagrado direito
De adentrar os umbrais dessa hiperbólica Academia
Por certo baixará humildemente os olhos
Diante da magnificência das Arcadas
E em devaneio, procurará imaginar as pegadas
Dos monstros sagrados, românticos ou não,
Seus nomes inscritos nas majestáticas colunas
E, deslumbrado exclamará: Aqui está a História !
No depois, perambulando entre o Pátio e o Porão
Entre vitórias e descobertas vívidas e vividas,
Em meio às duas mil e trezentas tendências e mentes franciscanas
Numa incrível e indescritível turbulência ímpar
Buscará por onde se permeia o cenário dessa tal História
Ela, aos poucos se revelará vazia, cenário apenas
Chegando a casa, olhar-se-á ao espelho
Ali se deparará com a imagem-resposta
que a Academia nos revela a cada um:
Eis a História ! Eis o Presente !

E ela o espera ávida, cenário apenas,
A preenchê-la com a sua parte, a sua arte
O seu futuro, a dela obra.
Emoldurada em Amizade, animus jocandi e Alegria.

Porém
Aos que chegam e buscam assento
Para, inertes, assisti-la passar
Restará o desconforto e a decepção
De nada assistir, de nada ver, nada criar.
Apenas acreditando que assim seja
O espetáculo que se lhe descortinara.
Pensarão, em suas cabecinhas
Ser então a Sanfran um túmulo com paredes carcomidas
Revivendo anacrônica um passado morto, num presente amorfo.
Para eles, estória apenas.
A Academia, sua medíocre “facul”.
Isso, a imagem que o espelho lhes revela.
O presente amargo, o XI um número. Romano, em esnobismo estéril.
No futuro, restando apenas como boa lembrança.

As Arcadas são sempre as mesmas,
O espelho é sempre o mesmo
O Largo não é estreito
Você, a diferença.

Felício Novo, o poeta calouro

quarta-feira, janeiro 21, 2009

O acordo otorrinolaringo-ginecológico-hortográfico




Que saudade que eu tenho,



do tempo que valia a máxima:



quem não tem competência não se estabelece.








Isso é que é acabar com as desigualdades sociais, conforme promessa de campanha presidencial: a partir de 2009, todos passaremos a escrever errado.
Quando veio aqui um infeliz e disse que o Brasil não somos um país sério, o povo chiou. Mas chiou apenas porque tinha que chiar. Que não é sério, não é mesmo. Fato esse público e notório, desnecessária qualquer tentativa de justificação. Porém, em se sobrando tempo para elucubrações, a gente pode juntar fartos assuntos. Esses não faltam, infelizmente. Como há similitudes gerais, a gente as abarca n’A LATRINA.






Não é fácil viver no País do Mula, pensa! Como explicar para um suíço, por exemplo, que a Lei Seca foi implantada por um alcoólatra? Eu já estava aqui, fazendo mil maquinações para encontrar uma explicação razoável. Talvez uma crise de consciência, prá não dar mal exempro? Não, não tem antecedentes pra isso, não. Será porque agora ele tem motorista particular? Ai sim, já começa a fazer sentido.




Mas, eis que o presidencial gajo vem com outra: agora quer mudar a nossa língua! Seria idioma, mas temos que escrever no mesmo nível. Será que é porque ele troca o L pelo R, quer também que todos o possam? Troco então o F pelo M. Liberdade total.




Já que não temos problemas mesmo, nossas questões todas estão praticamente resolvidas, vamos então cuidar de abobrinhas: acordo hortográfico. Tudo maliciosamente misturado: por que é que tinham que mexer no hímen ? Trema comigo nesses questionamentos:

I – Por que chamam de Acordo, se é só o Brasil que acordou sozinho?

I I – Já andamos tão escassos no assunto, agora querem tiram o pouco hímen que restou? Deve ter algo a ver com o Bush (vixe!!), com aquele negócio de campanha da abstinência sexual. Só pode. O que é bom para os EUA não é bom para o Brasil? Eles lá, querendo preservar o hímen. Aqui, uma festa só, quase todo hímen será retirado. Ainda mais com uma lei que chega um pouco antes do Carnaval! Maquiavélico! Não sobra um prá contar estória!

I I I – Esse negócio de tirar o hímen à força eu acho que é inconstitucional. Taí a Lei Maria da Prenha. Era Penha, mas perdeu o hímen, ficou Prenha. Não pode não, ó Mula! Prá tirar o hímen tem quem ser com consentimento, no maior carinho, não pode ser assim, por Lei, não! Na violência? O que é que é isso, minha gente?

I V – E, depois, ficou uma coisa meio máquina, você não concorda? Tire o hímen, mas não trema ! Que coisa! Quer dizer então que o cidadão vai lá, tãtãrãrã e tal, mas nem uma tremidinha de nada? Lá se foi o hímen, mas tô fora?! Cadê a emoção na coisa?

V – Depois, esse acordo vai é aumentar as coisas em extinção nesse mundo. Já não basta o jacaré de penas verdes, e o mico leão dourado que vive na Serra Pelada. É preciso preservar o Planeta! Já pensou que agora a menina-moça está em extinção? Como é que fica uma menina-moça, sem hímen? Inexiste. Esse Mula, viu! Isso de meninamoça é como ele, doutor Honoris Causa.

V I – Já, saindo um pouco de cima desse assunto, com a camada de pré-sal, tudo bem. A Petrobrás vai lá e mete a broca, arranca o hímen e, beleza! Que vire pressal, mas desde que achem o tal do petróleo salgado, claro. Aliás, tô achando que o petróleo que vão descobrir lá na Bahia deve ser de abaixo da camada de óleo-de-dendê... Pronto, tá errado, é óleodedendê ? Pára, Mula. Tá, tá, para Mula, conforme o acordo hortográfico. Quanta abobrinha, santo Deus!






V I I - Tá vendo só? Até o Bill Gates sabe mais português que o Mula! Nem bem eu escrevi “pressal”, e pronto! Já apareceu aquela cobrinha vermelha embaixo dela. Tá errado. Sabia!

V I I I – Nem bem entrou em vigor o tal do Acordo, já recebi de poetas-escroto, colaboradores dA LATRINA fazendo os seus poemas-piada (com ou sem o hímen, pelo amor de Deus?). Até poderia servir como frase de parachoques de caminhão:






Para o caso de ânus novo



Não trema sobre a linguiça




I X – Na verdade, estou aqui achando que o Mula está mais é querendo causar, sabia? Ele tá querendo subverter a ordem das coisas. Pra disfarçar, já que nem governa mesmo, fica inventando moda. Bebe feito esponja, mas não quer ver ninguém bebendo. Agora mexe ai com esse negócio de palavras, coisa que ele não domina nadinha. Nem mesmo em seus raros momentos sóbrios. Só porque era torneiromecânico (sem hímen, claro), falaram que tinha acento diferencial, pronto! Já achou que era o diferencial do motor. De diferencial eu entendo, ele pensou! E quis mexer nos acentos também.

X – Mas vejo ai uma lógica aristotélica, apesar de vir de onde vem a asneira. Quando tinha que dirigir, era bêbado mesmo e tudo bem. Melhorou de vida, tem motorista, então não pode mais beber e dirigir. Fica fácil assim, não é mesmo? Por outro lado, quando torneiromecânico, andava de ônibus, com muitos assentos. Que aliás lhe era cedido, tal o estado comatoso alcoólico que lhe é peculiar. Agora, mudou de emprego, tem carro particular, assento único. Então pode tirar esses acentos todos ai. Principalmente aqueles que vão no motor, no diferencial.

X I – Então, o pepino atual é essa abobrinha: o acordo hortográfico. Algo insosso e sem finalidade prática, posto que “tire o hímen, mas não trema. E que seja em pé, já que o acento também não tem mais”. Mas, em relação à língua mesmo, não mudou nada. Ainda bem! Parece que todos podemos manter os mesmos hábitos milenares, degustando o que sobrou da última flor do Lácio. Penso que nisso o Mula não mexeu por ser o seu estado atual de possibilidades. Ô vida, viu!




Luiz Gonzaga Arcadas, XV de fevereiro,CLXXXII