sábado, dezembro 11, 2010

FGV, a melhor Faculdade de Direito?

            Pela primeira vez nos exames da OAB, alunos da GV, por expressiva aprovação, colocaram a sua Faculdade em primeiro lugar em São Paulo e em segundo, em termos nacionais. Congratulações! Parabéns, mesmo!

Para fazer um breve passeio por esse episódio, vamos desconsiderar que também é a primeira vez que a FGV organiza os exames aqui considerados. E que, clonados da excelente Faculdade de Direito de Harvard, verdadeira Sanfran da Commonwealth, há que se considerar um excelente merchandising aos futuros calouros de 20XI, que lá entrarão. Contribuindo com a bagatela de quatro mil reais. Mensais. Para poucos. Difícil de estar, não de entrar. Clonada também a essência do Capitalismo. A mim me parece ótimo. Um dia esse nosso encantado país teria mesmo que sair do Feudalismo e entrar finalmente na Era Capitalista. Ainda que com trezentos anos de atraso. Parabéns então, de novo à FGV, por essa abertura dos portos! Nosso povo vassalo fica lhes devendo essa. O que é um bom começo. Ressalte-se, mais uma vez que, apesar de isso ser fato consumado, não tira o mérito dos alunos aprovados e da conseqüente colocação da Faculdade, em termos estaduais e nacional. 

E onde entra a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco nessa estória? Não entra. Quando Paul McCartney decidiu vir ao Brasil, pouco se lixou para a existência do atual sucesso do Restart. Nome que é um pseudônimo. O nome verdadeiro é Delete. Muito embora exista uma Kombi de  windows 7 admiradores do trash, ficamos nós lá, apinhados no Morumbi, naquelas noites memoráveis. Para ser grande, sê inteiro(infernando pessoas).

O intrincadíssimo painel de um avião, por vezes mal-comparado ironicamente à lógica da mente feminina, permite que se faça uma viagem de sucesso. Desde a decolagem até à aterrisagem. Cada componente pertinente àquele sucesso é continuamente monitorado. Todos eles têm que funcionar, independentes e sincronizados. O resultado final, o sucesso esperado. Ou não.

Os adoráveis calouros que aterrisam, feito às águas de março, nas Arcadas têm que ter sido admiráveis. Para estar no extremo direito da curva de Gauss, ser parte de dois por cento sobrenadante em um caldo de feras tem mesmo que ser a nata. E passar a viver nas nuvens, a trinta mil pés de altura... e de distância dos minúsculos terráqueos, vivendo com os pés no chão.

E é ai que pode nascer o engano. Um passo tão grande, diante da viagem, será apenas o start. Não Restart, não se confunda. A viagem de/ao sucesso não tem piloto automático. Cada maldito reloginho do imenso painel  deve ser checado a todo instante. A envolvente e deslumbrante vida nas Arcadas pode fazer com que diminuta parcela de franciscanos eventualmente se descuide. Talvez uma ressaca tardia da maravilhosa Peruada entorpeça mentes. Ou ainda o amargo sabor de entregar o XI obnubile certos grupos. E eles então venham a constituir os XI% que não cumpram a tarefa de averiguar um dos relojinhos, qual a provinha da OAB.

           Na meritocracia, privilégios  conquistados trazem grandes responsabilidades. A paisagem externa, acima das nuvens, mais perto de convívio com Deus e distante da pequeneza dos homens, o fascínio que exerce essa jóia multifacetada chamada Arcadas, o convívio entre mentes brilhantes, o exercício diuturno do animus jocandi, a incessante luta para manter a humildade.  Essas e outras são coisas que podem momentaneamente fazer com que alguns poucos franciscanos percam a noção de que a viagem, muito mágica com seus mistérios só se coroa de êxito com a aterrisagem. E no retorno à estranha sensação de passar a viver com os pés no chão, que não são o familiar Jardim de Pedras. E a rotina não mais se faça entre brilhantes, mas com terráqueos, agora não mais microscópicos, dada a proximidade. . Enfim, o treinamento nas alturas foi feito para se aprender a viver a viagem real, aqui embaixo mesmo.

           E nada desse circunlóquio tira o mérito dos aprovados da FGV, que continuam a merecer cumprimentos pela façanha alcançada. Inclusive agradecimentos especiais, pois é sempre bom lembrar que alguns tapinhas brasileiros em algum relojinho emperrado possa trazer tudo ao status quo ante. Por outros 183 anos mais.

             Mas, e quanto ao título desses escritos: FGV, a melhor Faculdade de Direito?
               

Bazinga!!!!!!!!!!!!!


Arcadas, XI de dezembro, CLXXXIII
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Arcadas: segredos, magia e estórias