sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Ode ao calouro

Ao ser-lhe outorgado o sagrado direito
De adentrar os umbrais dessa hiperbólica Academia
Por certo baixará humildemente os olhos
Diante da magnificência das Arcadas
E em devaneio, procurará imaginar as pegadas
Dos monstros sagrados, românticos ou não,
Seus nomes inscritos nas majestáticas colunas
E, deslumbrado exclamará: Aqui está a História !
No depois, perambulando entre o Pátio e o Porão
Entre vitórias e descobertas vívidas e vividas,
Em meio às duas mil e trezentas tendências e mentes franciscanas
Numa incrível e indescritível turbulência ímpar
Buscará por onde se permeia o cenário dessa tal História
Ela, aos poucos se revelará vazia, cenário apenas
Chegando a casa, olhar-se-á ao espelho
Ali se deparará com a imagem-resposta
que a Academia nos revela a cada um:
Eis a História ! Eis o Presente !

E ela o espera ávida, cenário apenas,
A preenchê-la com a sua parte, a sua arte
O seu futuro, a dela obra.
Emoldurada em Amizade, animus jocandi e Alegria.

Porém
Aos que chegam e buscam assento
Para, inertes, assisti-la passar
Restará o desconforto e a decepção
De nada assistir, de nada ver, nada criar.
Apenas acreditando que assim seja
O espetáculo que se lhe descortinara.
Pensarão, em suas cabecinhas
Ser então a Sanfran um túmulo com paredes carcomidas
Revivendo anacrônica um passado morto, num presente amorfo.
Para eles, estória apenas.
A Academia, sua medíocre “facul”.
Isso, a imagem que o espelho lhes revela.
O presente amargo, o XI um número. Romano, em esnobismo estéril.
No futuro, restando apenas como boa lembrança.

As Arcadas são sempre as mesmas,
O espelho é sempre o mesmo
O Largo não é estreito
Você, a diferença.

Felício Novo, o poeta calouro

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