quinta-feira, julho 16, 2009

Brasília é a nossa Neverland

Inspirado no Deputado que construiu o seu castelo, o PT arrematou e comprou TAMBÉM a Neverland, já que o Michael Jackson parou de fazer cirurgias.

Lá serão instalados o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. O Mula, em sua suprema sapiência, vê a possibilidade de grandes melhoras em seu contato com a realidade brasileira. A primeira delas, e a mais óbvia, é que ficará bem longe desse povinho que quer ficar sabendo de tudo o que eles arquitetam por lá. Um tédio isso! Além de ser uma grande calúnia! A segunda é que, aproveitando as mudanças do Acordo Ortográfico que nada acordou, serão feitas algumas mudanças nos nomes das nossas mais democráticas instituições.

Tais alterações são oportunas e necessárias, tendo em vista a adequação no tempo. Montesquieu já era! O negócio agora é o Mulismo!

O Poder Executivo passa, por Ato Institucional, ops!, por Medida Provisória, ops!, por Lei, a se chamar SEINADA. Muito embora essa evidência tenha iniciado no primeiro dia do primeiro mandato. Portanto, nem adianta ficar querendo saber de nada. O próprio nome da Instituição já lhe dá a resposta. Deixa o Mula trabalhar! Depois da cirurgia e tratamento para trocar a cor da sua pele “ideológica”, tem muito a fazer. Principalmente depois que agregou o Departamento de Compras as suas funções. Começou comprando votos de metalúrgicos, depois de funcionários públicos, depois de “artistas” (ou autistas, não sei direito), depois intelectuais. Após algumas cirurgias espíritas para adequar o perfil, foi eleito. Passou então a comprar os miseráveis e depois o Congresso. Aos empresários e estrangeiros não comprou. Apenas liberou. Ufa! Mas continua na labuta, visando a amealhar votos para se tornar o Imperador do Mato Virgem. Sempre negando isso, claro. Por isso, a capital em Neverland. Com a vantagem da mudança de direção, que o Mula não molesta criancinhas. Elas não votam. Assim, como um segundo “Pai dos pobres”, pretende assumir vitaliciamente o trono.

O Congresso Nacional passa, com o Acordo, a se chamar Compreço Nacional. Dado que alteração é homofônica e não homográfica, a regra é que se pronuncie tonicamente o “pre”, feito aos nossos compatriotas ultramarinos, pré. Tal adequação demonstra claramente a entrada oficial, no século XXI, do País no Capitalismo, iniciado no século XVIII. Do País, não. Na real, continuamos na Idade Média, no Feudalismo. Continuam em pleno vigor a vassalagem, a corvéia, a mão morta, as banalidades e etc. Claro está que são recursos que no Compreço também continuam vigorando, sendo o Capitalismo apenas adicionado a elas. O Escambo é recurso largamente utilizado. Mas se não der acordo, já que somos agora adeptos do Capitalismo, compra-se. O quê? Ora, compra-se tudo. O ser a favor, o ser contra, o abster, o ser oposição. Compra-se quem? Ora, todos, não?

O Compreço Nacional, apesar das adequações temporais e algumas alterações ortográficas, continua com suas duas Casas. Uma de Repouso e outra, um verdadeiro Prostíbulo.

O SONADO, instituição proposta pelo ultrapassado Montesquieu, devidamente atualizado e adequado às práticas atuais, é o representante do gigante povo adormecido brasileiro. Como uma legítima instituição democrática, modelito terra brasilis, seus membros não são eleitos por esse negócio ultrapassado de voto e vontade popular. São Suplentes, dos Suplentes, dos Suplentes de alguém que nunca esteve, hipoteticamente, no Amapá, mas sai candidato por lá. Melhor, cãodidato. E lá se implantam como se fosse a sala de estar de sua casa, ou melhor, terminal eletrônico bancário, e montam ali um balcão de negócios. O seu próprio bolso da esquerda, antes vazio, agora é fartamente preenchido com o dinheiro do Estado, como se fosse o seu bolso da direita. Mada mais natural que isso.

A DEPUTARIA congrega os Deputados. Como bem declara o nome da Instituição, conforme a nova ortografia, será ali erigido um monumento monumental à Patrona, Mãe Joana. A Herma do Ruy Barbosa será fundida e vendida como escória reciclável. Claro que superfaturado, para a empresa de algum apaniguado. Cansados de serem conhecidos como representantes do povo, querem agora ser representantes do Estado. Que a sua eleição seja patrocinada com os cofres públicos. Ou seja, além de engabelar você, surrupiando o voto, isso será feito com o seu dinheiro, caro eleitor. Com isso, será possível repassar a integralidade do caixa dois, que continuará óbvio vigorando, para outras contas. De preferência em outros países mais promissores, embora pequenas ilhas. Ali funciona também a Bolsa de valores, negociando Ações Escusas. O modus operandi utilizado para ser eleito é uma verdadeira Corrente da Felicidade. Você também, qualquer brasileiro, pode ser candidato. Desde que adquira, a preços módicos, uma franquia em algum dos “n” partidos políticos. Com o seu direito a candidato comprado, você empurra o de cima da Lista. Se tudo ser certo e nada der errado, um dia você também se elege, conseguindo ser aceito nessa boquinha. E será feliz para sempre.

O povo? Ora, o povo que coma brioches!
Povo, que aliás e finalmente, também foi contemplado com a mudança ortográfica, assim como o território nacional. Este passa a se chamar Picadeiro e aqueles, Palhaços. Mas com o sagrado direito de sair por aí, com faixas pela Avenida Paulista, exigindo honestidade, moralidade, estado democrático e tantas outras inócuas palavras bonitas e de efeito. Mudar não muda nada, mas que pode espernear, pode. É divertido.

Luiz Gonzaga
Arcadas, XI de julho, CLXXXII

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