domingo, setembro 18, 2011

Teatro BRASIL de Comédias - Ato I I




Teatro BRASIL  de Comédias

(Um cenário onde você ri, mas de raiva)

Vergonhosamente apresenta

UMA TRAGÉDIA BRASILEIRA

Apresentações diárias, em todo o território Nacional
Personagem Épico: Zé

ATO: Na Receita Federal

- O senhor foi chamado aqui porque foi detido na malha fina do Imposto de Renda.
- Sei, sei. Aquela que pesca todo tipo de peixe. Até tubarão, né não?
- Não senhor. Peixes pequenos. Tubarões têm imunidade
- Entendi. Então o senhor me chamou aqui porque viu que eu ganho muito pouco. De acordo com a nossa PresidAnta, vai praticar a distribuição de renda para acabar com a miséria, aumentando o meu salário?
- Não, senhor... O seu nome, por favor?
- É Zé. Como é difícil, vou soletrar pro senhor. É assim: ZÉ – É. Certo?
- Senhor Zé, o senhor tem uma casa no Maranhão, no valor de quatro milhões, mas não declarou no Imposto de Renda. O senhor pode explicar o por quê?
- Pois então, senhor Imposto. O sr. não vai acreditar, mas acredita que o meu contador se esqueceu-se de incluir essa casinha aí na minha declaração?
- O senhor será multado em quatro milhões. Caso não pague, sua casa será confiscada pela Receita. Tudo bem para o senhor?
- O meu contador é o mesmo daquele outro servidor público, igualzinho ao senhor. O Nome dele parece que é Sarna, Sarnento, Sarei, Sainei, alguma coisa assim. Só que ele trabalha lá em Brasília. Posso até dizer pro senhor: ele vai pra lá, toda terça e quarta. Mas só trabalha à tarde. Ainda bem que ele tem um avião do governo pra levar ele, senão ele chega atrasado! Acredita que o contador se esqueceu também de declarar a casinha dele? Ele também foi chamado aqui? Ele também vai ter que pagar essa multa ou perder a casinha dele?
- Não senhor. O caso dele, como é especial, será julgado pela governadora do Estado em que ele tem a casa. Se ela anistiá-lo, tudo certo.
- O caso dele é igualzinho ao meu. Igualzico de tudo. Aliás, somos até vizinhos, pois não? Por que o caso dele é especial?
- Ora, porque ele é um parlamentar respeitável. 
- E eu aqui, sou o quê? 
- Ora, senhor Zé. O senhor é apenas alguém do povo.
- Sim, sei que sou. Mas a Lei não é igual pra todos?
- Sim, a Lei é igual pra todos. Mas a aplicação dela é que é um pouquinho diferente. O senhor entende?
- Não.
- E o caso dele vai ser julgado pela governadora, que é filha dele, meu senhor? Posso então chamar a minha filha aqui, para julgar o meu caso? Peraí que já chamo já!
- No caso do senhor, por ser apenas uma reles pessoa comum, será apenas aplicada a Lei.  Próximo...

Fecham-se as cortinas. Mas, infelizmente, não termina o espetáculo.

Um comentário:

Monja disse...

dura lex sed lex

e ja que estamos falando disso, manda mais uma pizza, tamanho ministerial, por favor.