sábado, dezembro 15, 2012

A Censura, em duas ditaduras

Aos auto-proclamados "perseguidos políticos" tem sido uma excelente fonte de renda a rançosa lembrança da "ditadura militar". Não há contraditório no processo e muito menos necessidade de provas: basta criar uma boa estória. Para esses casos, a Justiça é ultra-rápida: os milhões caem na sua conta de imediato. Descontado o dízimo  para o partido, óbviamente, de 30%. Para os legalistas bíblicos, é inútil alegar que dízimo significa 10%. Diz-se que, por serem beatos e religiosos, não fazem nada sem um terço na mão. Para os pobres perseguidos políticos, não há necessidade de qualquer prova. Basta alegar. Isso de provas é um legalismo utilizado apenas como argumento ius esperneandi quando eventualmente alguém deles for julgado pelo STF. Há casos em que a perseguição constou em fazer uma entrega de alimentos, na condição de motorista do caminhão, em local averiguado pela Polícia Federal. 


Agora, encontrararam mais ramo nesse filão milionário: alguém lança uma revista relatando episódios de Censura em propagandas (deixo de fornecer o link da UOL, porque retiraram da pauta, eu acho). Caso eu fosse um repórter ou jornalista, ao me dispor a avaliar um evento pregresso, penso que a primeira e fundamental premissa deveria ser eu me deslocar mentalmente ao período considerado e conhecer seus valores, costumes, o momento histórico e etc.  Para não cometer o erro crasso de valorar aqueles eventos pretéritos segundos normas sociais vigentes no presente. Mas só que não. No curso feito por aqueles jornalista me pareceu não haver essa matéria. Que, antes de ser uma disciplina curricular, deveria constar do bom senso do próprio futuro jornalista. E comentam onde a censura de então atuou, em comerciais de calcinhas, cuecas e absorventes. Entre outros exemplos. Tachando as censuras feitas como sendo o absurdo do "autoritarismo do regime militar", a defesa da moral cristã da família brasileira. Numa delas, a frase: tire a roupa para o seu amor. Inclusive um dos comentários colocados à matéria, alguém perguntou: você sabe o nome do censor?

Estou certo que aquela revista nenhum compromisso tem com a coerência temporal da crítica. Estão mesmo a fim de faturar em cima da imagem das mazelas da famigerada e ditadura militar.
Esqueceram-se de contemporalizar que a hoje vigente liberação sexual e de costumes iniciou-se na decada de 60. Que, antes dela, mesmo o vislumbre de algo referente a sexo era proscrito. E não era proscrito por lei ou pelo tal regime militar. Mas sim pela própria sociedade, o povo mesmo.Não podemos nunca nos esquecer que, antes de tudo, sempre vigorou por aqui a ditadura da igreja católica, com seus valores e dogmas.
Por mim, ouso eu responder à pergunta daquele leitor: pouco importa o nome do censor. Ele era apenas um funcionário público, em cumprimentos a determinações de seus superiores, não lhe cabendo, dentro dos preceitos do estrito cumprimento do dever público, inovar e introduzir critérios pessoais nas tarefas a eles atribuídas. Ele não censurava por si, com seus critérios. Dentro inclusive de uma disciplina militar, como era o caso e tão benigna e bem-vinda aos se tratar do bem público, qualquer que seja. 

Antes que algum eventual leitor possa tachar-me escandalizado por eu pertencer a alguma forma de TFP, moralista ou qualquer outra que o valha, preciso continuar, em minha defesa, comparando aquela, com a atual ditadura.
Fundamentada no politicamente correto, onde o censor não é um só, mas todos os circundantes. Censores esses que não são alguém, servidor público ou algo estatal na função de censurar,  mas pessoas comuns do povo, controlado feito boi no pasto em suas palavras, seu vocabulário aceito, permitido e exigido. O pobre deixou de ser pobre, mas hipossuficiente economicamente. O negro não é negro, é afro-descendente. O débil mental é pessoa com necessidades especiais. Favela é comunidade. E, caso assim não se fale, o emissor será execrado, feito ao Judas na sexta-feira santa. O in, o bonito é declarar-se pobre, miserável. Caso você trabalhe e tenha amealhado algum patrimônio, você passa imediatamente a fazer parte da burguesia fascista e de direita, exploradora dos pobres e etc. Caso você tenha, às duras penas, obtido um mínimo de cultura acima da média, você é um privilegiado, protegido  pelo sistema das elites, exploradoras do proletariado. E falar nóis vai deixou de ser português errado, segundo a língua culta, mas apenas uma variação linguística utilizada pelas classes menos favorecidas. Ao invés de utilizar o Hino Nacional para dar aulas de português às crianças, além da merenda escolar e do bolsa-alguma-coisa, querem mudar a letra do Hino, pois o mesmo está escrito na ordem inversa e contém palavras difíceis. Além da heresia de ter sido escrito no linguajar de uma elite opressora. Alguns exemplos da censura vigente e exigente.

Mais uma vez, a incoerência histórica e geográfica. O politicamente correto foi criado por norte-americanos como um artifício para uma necessidade temporal deles. Já o abandonaram. Mas nós aqui, além de macacos, somos desatualizados. Por aqui ainda vai, infelizmente demorar bons anos pra ser... substituído por alguma outra moda de comportamento importada. Desde que isso sirva aos interesses de alguns, para conduzier a boiada ignorante.

O brasileiro não é racista, o brasileiro não é discriminador, o brasileiro não é nada. Nada mesmo. Além do fato de ser um exímio humorista e gozador, fazendo sempre piada com tudo, inclusive consigo próprio e com a própria desgraça, a de ser brasileiro. O que chamam racismo não é de cor, é social. A discriminação é social e econômica. Você pode ser da cor que for, mas se tiver dinheiro no bolso é o que importa. E isso não há lei que consiga mudar. Fora isso, tudo é piada. Inclusive as leis que criam, tentando impedir isso, por lei. São piada inclusive os fazedores de lei. Sabemos ser piada inclusive todas as Instituições.
 

Enquanto isso, o servidor público, alí colocado e remunerado para realizar tarefas pelo bem público que afinal é quem paga o seu salário, o que anda fazendo? Tornou a sua mesa e o telefone em rentável balcão de negócios, onde leiloa entre os amigos, facilidades à uma eterna e burra burocracia que dificulta - nesse caso, graças a Deus! -, tudo, nos últimos 512 anos. Tudo absolutamente sem provas, sempre. E o produto do leilão, com seu terço sagradamente destinado ao partido, é rateado hierarquicamente entre os componentes da  imensa quadrilha em que se organizou o aparato estatal. Que tratam o Erário público como um espólio de guerra, naturalmente direcionados às suas contas bancárias particulares. E qualquer  voz que contra isso se alevante é prontamente rotulada de Teoria da conspiração da direita reacionária.

Por mim, independente de quão a Censura da ditadura do politicamente correto possa tachar-me, ainda prefiro aquele Censor que proibia a imagem de calcinhas na TV. Tire-as, logo de uma vez! E também ainda prefiro aqueles Presidentes que, ao deixarem o cargo, voltavam para o seu apartamento e seu fusquinha, de antes da posse. Ao contrário da hipócrita democracia presente, cujo filho, um inepto, desqualificado, ignorante e desempregado adquire duas  "chacrinhas", como o dizem os mineiros: uma de 47, outra de 100 milhões de reais. Ainda também prefiro aqueles demais funcionários públicos a realizarem diligentemente sua tarefa de sanear de em meio ao povo aqueles com o  funesto projeto de saquear o Estado. 
Claramente não comprarei aque revista, portanto.   



Nenhum comentário: