domingo, abril 05, 2015

Feliz Páscoa para Você!

Por quê a religião persiste, mesmo após a evolução das ciências?



O medo, em todos os seres viventes, decorre do instinto natural de defesa: fugir do desconhecido aumenta a possibilidade de preservação da vida. Viver em bandos é um atenuante para o medo, pois reduz o risco da morte, além de propiciar a perpetuação da vida. A Natureza é inteligente. Os animais todos não evoluíram: continuam assim desde sempre. 

O mesmo medo animal e instintivo requereu do Homem a necessidade da socialização, o viver em grupo. Alguma mutação, algo interno ou externo a ele, deu-lhe a não-natural capacidade de armazenar informações, repassá-la aos seus pares e, mais que tudo, manipulá-las conforme a sua vontade: capacidade de pensar. Isso não é da Natureza 

Em bandos, a sua inédita capacidade de manipular dados, consequentemente levou-o a manipular pessoas, explorando a assimetria de informações. Paralelo a isso e decorrente da observação, manipulação de dados e informações, surge a ambição. E, com o exagero dela, surge a ganância. E ainda, por outro lado, alguém inaugura a existência da má-fé. E, como um análogo, à ambição, surge a ma-fé sobre a má-fé. São todos passos, agora sim evolutivos da capacidade de pensar, distanciando o Homem social da Natureza. 

Nesse ponto, posso me antecipar ao final dessas considerações: creio na Natureza que a tudo criou e na existência de um maldito demônio que instilou no Homem a capacidade de pensar.  

Com aqueles elementos citados, o Homem social passou a cultivar alimentos, ao invés de passivamente extraí-los da Natureza. A domesticar e criar animais para abatê-los, ao invés de depender da caça. Isso fixou-o a um determinado lugar, tirando-o do nomadismo, algo tipicamente animal. Mais um passo, distanciando-o ainda mais da Natureza. Mas ainda algo bom. Ou pelo menos não-ruim. Estava manipulando informações, da maneira mais inocente e pura. 

Com isso, o seu estado de bando mudou as características: não mais um regionalismo nômade natural, mas um local específico para o agrupamento social. A ambição faz com que alguns queiram trabalhar e produzir mais para que possam ter o poder de manipular pessoas, para a recém-criada ascensão social. .Outros, numa desmedida ambição, querem manipular pessoas e manipular pessoas que manipulam pessoas.  Alguns outros, reconhecendo essa ser uma tarefa bastante árdua e complexa, criam a má-fé: se tudo se resume em adquirir e manipular informações, não custa dar-lhes um contorno mais palatável, com o fito de ludibriar. E assim abocanhar-lhe a sua riqueza. Bem mais prático, rápido e, principalmente, sem qualquer trabalho. 

Alguns outros, também pouco afeitos ao que dá um trabalho danado, cultivar e criar para comer,  e vendo outros que dominavam pessoas, por meio do que conseguiram acumular, com boa ou má-fé, resolvem também se locupletar nesse caldo de aproveitadores. Utilizando-se da matéria prima mais abundante entre seres humanos: o medo do desconhecido.
  
Desde sempre, a incapacidade do Homem em lidar com as coisas que ultrapassam o seu entendimento fizeram-no reconhecer a existência de Algo Superior, que regeria todas as coisas, incluindo ele próprio. Porém, reconhecer a existência do desconhecido e mesmo dar um nome a ele não o torna conhecido, logo manipulável. E dessa ignorância, vem o medo. Não o medo natural, mas o medo, puro e simples, do desconhecido. 

Esses alguns utilizam-se então a má-fé sobre a má-fé. Muito embora o desconhecido não seja manipulável, torna-se fácil, simples e elementar afirmar: é desconhecido para você! Com esse conhecimento sobrenatural ludibriam até os ludibriadores. Ludibriar os ludibriados, lá de baixo, torna-se então, brincadeira de criança. 

Então, chegou a hora de dar nomes aos boys: os cultivadores são os que trabalham para comer; os ambiciosos trabalham para comer e acumular para o amanhã, com medo do famigerado desconhecido, o futuro; os gananciosos aprenderam rápido a ganhar com o trabalho alheio, intermediando produtores e compradores, os comerciantes; os de má-fé subtraem dos outros por meios de artimanhas fantásticas e que precisam ser perfeitas para atingir o objetivo de subtrair com sucesso. Se errarem no percurso, serão chamados de ladrões. 

E os que se utilizam da má-fé sobre a má-fé são os religiosos. Com um incrível e paradoxal conhecimento sobre o desconhecido coagem a todos, por meio da ignorância do não-saber e do medo do desconhecido. Com isso subtraem dos que trabalham para viver, dos que acumulam para o futuro,  dos que intermediam com lucro e também daqueles que passam a vida toda ludibriando, com boa ou má-fé: às portas da morte o seu arrependimento só será validado com uma volumosa doação em espécie, para a manutenção da luta pela causa: a salvação de almas penadas. 

Para tanto criam todo um contexto, fundamentado em estórias muito bem elaboradas. Sobre as quais permito-me aqui fazer algumas indagações: que Deus perfeito é esse que, sendo o Pai de todos, tem predileção por alguns filhos em especial? Por que é que eu fui escurraçado? Que desconhecido é esse que batem à minha porta domingo de manhã para me explicarem tudo direitinho, mesmo que o dito não saiba nem mesmo ler direito as palavras sagradas? Todos conhecem o desconhecido, menos eu? Que hierarquia é essa que eu, para obter um mísero favor, preciso orar para a mãe de alguém, para que o filho dela interceda por mim, junto ao perfeito Deus? Isso aí, na minha terra, chama-se tráfico de influência! Um Deus venal? E mais: eu não sou filho igual também? Que coisa! 

Deus se expressa na fagulha de vida que faz brotar aquela lindíssima flor no meu jardim. O fluxo de vida conduzido pela Sabedoria da Natureza é a sua expressão. Sentir a sua existência é como receber um raio de sol a bronzear a minha pele. É preciso que eu esteja exposto a ele para recebê-lo. Ninguém pode fazer isso por mim e eu não posso fazer isso por ninguém. Tudo o mais me é desconhecido. A mim me basta estar exposto e atento para perceber a sua expressão.

Tudo o mais é balela. Inclusive porque nem gosto muito de chocolate.
Feliz Páscoa, para VOCÊ!





Um comentário:

Anônimo disse...

Como chocolate com frequência, mas ovo de páscoa é muito caro, até porque é cheio de vento. Tal e qual a história toda.