sábado, outubro 04, 2014

O voto em branco ou nulo: o rebelde grito de um cidadão mudo.

Algumas excrescências do Sistema Eleitoral brasileiro: 

O nosso sistema eleitoral diz: se votou em branco, ou seja em ninguém, o seu voto não vale nada. Você não conta. Portanto, você não é um cidadão. Se, por acaso você quis dizer que não aprova nenhum dos candidatos, isso não conta. O Sistema não se importa com a sua opinião. Você não é um cidadão.
Se você anular o seu voto você também não é considerado um cidadão. Suponha que você tenha anulado o seu voto porque não aprova nenhum dos candidatos. Isso não quer dizer absolutamente nada para o Sistema. Você não é considerado cidadão. Suponha que você tenha anulado o voto porque não concorda com o Sistema, por alguma razão sua. Ora, pouco importa! A sua voz não é ouvida, porque você não existe para o Sistema. 
Como um evidente indício de má-fé ou, no mínimo, uma péssima intenção, os votos brancos ou nulos são excluídos da apuração, da contagem. São os chamados votos válidos. Ou seja, meu caro, você como cidadão, não vale nada para o Sistema. A sua opinião pouco importa! Alguém perguntou alguma coisa para você? Não, não é? Então, cale-se! Você não existe.
Somando isso à obrigatoriedade do voto, o nosso Sistema Eleitoral se resume no seguinte: você pode escolher, desde que seja o que queremos. E os que são eleitos para o Executivo geralmente o são com uma minoria de toda a população. Chegando ao absurdo de termos votações passadas, cujos eleitos para um segundo turno, o segundo colocado eram os votos brancos e nulos. Votos que foram ignorados, porém queriam dizer muito. 
Então, o Sistema diz que o que é sacrossanto é o voto. Alegam que a Democracia se fundamenta na escolha da maioria, por meio do voto. E exercitam essa Democracia de forma autoritária, com o voto obrigatório. A própria Constituição que nos proclama uma País Democrático, proclama também que não somos obrigados a exercer um direito, o direito de votar. Mas ele é obrigatório. A alegação cai por terra quando temos senadores que, na condição de suplentes, não tiveram um único voto e geralmente nunca se sabe ao menos o seu nome. 
A eleição em dois turnos, o absurdo número de partidos, a reeleição, o voto em palhaços, analfabetos e outros são algumas das excrescências do Sistema. Tema que deve ser debatido e modificado em profundidade, pois já não se coaduna com um Brasil no século XXI.
Porém, no momento, o que conta é essa eleição. Para exercer o seu direito de cidadão, mesmo que sendo obrigado a isso, vote. O voto é a voz do cidadão. Pelo exposto, excluem-se os votos em brancos e excluem-se também os votos nulos. Então, além de votar, vote em alguém. Deixe para contestar o sistema ou os candidatos para depois. Pouco importa o nome que você escolher, é um direito seu. 
O cidadãos "que não sabem ou estão indecisos" só existem para pesquisa de intenção de votos. Não é a eleição verdadeira. Mas a eles também eu diria para votar em alguém como se estivesse contratando alguém para gerenciar a sua própria empresa. Afinal, é isso mesmo: você vai pôr alguém para gerenciar, muito mais que a sua empresa, o seu País.  E isso não é uma brincadeira, um jogo de futebol. É sério, muito sério, o mais sério de tudo. Eu jamais colocaria um lunático para ser o gerente da minha loja. Muito menos um ladrão em liberdade condicional ou um filantropo com o dinheiro alheio (no caso, o meu e o seu).
Eu nem daria essa opinião, se esse gerente que vai ser do seu País o será do meu também, pois ele é nosso. Mas não vou dizer nada disso: apenas que vote em um nome. 
Não vote em branco e muito menos anule o seu voto. Porque, assim o fazendo, vai sair da urna achando que deu o seu grito de cidadão, mas não se esqueça que, para o Sistema, você não existe. Portanto, é mudo.  

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