sábado, outubro 27, 2012

Os indecisos

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."  Martin Luther King


Como descendente de incontáveis gerais de brasileiros de todas nacionalidades e etnias, eu sou um cidadão brasileiríssimo. E como tal posso e devo falar sobre o meu País.

Como um cidadão brasileiro típico, sou também advindo da miséria: econômica, social e cultural. Se nasci e cresci em meio à miséria e cercado de bandidos de toda espécie, permaneci semi-alfabetizado até os meus vinte anos. Mas também posso dizer que o meu primeiro trabalho remunerado aconteceu quando tinha oito anos de existência. 

Para contrabalançar toda essa hipossuficiência, sou de coração e mente, de São Paulo, em cujo brasão vai escrito na bandeira: non dvcor duco. Frase essa colocada não depois de a cidade ser o coração, o músculo e o bolso de um país inteiro, mas quando ela tinha apenas 12.500 habitantes aventureiros com um sotaque esquisito. Apesar da pompa de um lema dito em latim, retrata a alma e o espírito do paulistano, haja vista que a frase vai em primeira pessoa: eu não sou conduzido, eu conduzo.

Assim é que São Paulo fez e faz a sua vida: uma cidade que é em si um país inteiro. E foi também assim que fiz e faço a minha vida: sou inteiro.

Como um bom brasileiro, envergonho-me das nossas origens de subserviência e exploração por trezentos anos de História, com uma cultura fincada na máxima "quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão". O culto do aproveitador e do esperto. Esperteza essa que conduziu uma Nação a viver a Idade Média, em pleno século XXI: uma eterna colônia a ser explorada e espoliada.  

Sou um eleitor que anula o voto desde sempre, para cargos parlamentares. Por desacreditar completamente que exista um Poder Legislativo que esteja interessado em legislar em prol de um país. Há um sistema absolutamente estruturado no "toma lá, dá cá", que corrompe o mais santo dos homens que alí adentram e para o qual são atraídos. Não são corruptos os que alí estão. Tornam-se corruptos por condição sine qua non do sistema. Que, em caso de discordância, expulsam e caçam essa espécime nociva, o honesto

Sou um cidadão desacreditado de um Poder Judiciário que prende o assassino, quando prende, e o solta do no dia das mães, para que ele possa ir matar a mãe. E que paga salário para a família do delinquente, mas ignora por completo a tragédia da família da vítima. Tudo em nome de um tosco  e hipócrita direitos humanos, que já não foi respeitado pelo criminoso quando do crime.     

Sou assim, como outros quinze milhões, um paulistano. Exposto a ser tachado pelo que quer que seja, exceto a uma única coisa: eu não sou indeciso.

Eu sou paulistano que vota decididamente naquele que tem a alma e o espírito do non ducor duco, que sabe que toda riqueza só pode ser proveniente do trabalho; que tem dignidade para não aceitar esmolas; que nunca viveu às expensas de favores federais; que trabalha inclusive para bancar aquela esmola dada com chapéu alheio, o de São Paulo. Frase de um bandeirante: acharei o que procuro ou morrerei na busca.

Assim, sem ser filiado a nenhum partido, sem defender os interesses particulares ou partidários de quaisquer, afirmo com todas as letras: o paulistano rejeita o Partido dos Trabalhadores. Não o candidato da vez, qualquer que seja. O paulistano rejeita a essência de um partido dito de trabalhadores, que é liderado por alguém que pouco trabalhou e que fraudou a previdência para logo se aposentar. Um grupo que pegou em armas para tomar o poder. Não o tendo assim conseguido, apelou para o discurso romântico de "luta pela democracia" quando o que mais queria e quer é um autoritarismo despótico absoluto. E com essa cantilena ilude toda uma juventude, que repete bonitas palavras-de-ordem decoradas, sem ao menos saber o que está dizendo, mas que acha tudo muito bonito. Sente-se com isso um ativista, quando na verdade é mais um conduzido na boiada. Que causa pena com o seu discurso, pois como cidadão está sendo tão vilipendiado e roubado como aqueles a quem faz o contra-ponto. Um grupo que pretendeu se eternizar no poder, sem oposição. Para tanto, montou um imenso aparato criminoso para cooptar e comprar oponentes, à custa do Erário Público,  para o seu projeto de tomada nacional. Verdadeira quadrilha, encabeçada pelo então Presidente da República, que se manteve protegido e ausente, mas que a História vai com certeza desmascarar.   

Com tudo isso, São Paulo trilha o seu caminho paralelo, fazendo a própria riqueza a custa do trabalho. Beneficiando-se de uma conjuntura globalizante que enriquece o país por ser fonte inesgotável de recursos naturais, mão-de-obra e mercado consumidorAqui não vigora o bolsa-família, mecanismo absurdo de compra de votos em prestações mensais. Dispensamos verbas federais, pois elas consistem em esmolas dadas por um governo federal que recolhe o dinheiro de São Paulo para distribuir para cidades que nem ao menos tem receita. E que apenas tornaram-se cidades para lá  ser implantado todo o dispensioso sistema burocrático e político, em troca de apoio incondicional, obviamente. Um regime de capitanias hereditárias, nada inédito em nossa lamentável História. Dispensamos favores, pois somos historicamente conduzidos pela competência como referência. Aprendemos de berço a conduzir, para não ser conduzido. 

Por essa razão, conquistar a cidade de São Paulo passou a ser o grande desafio do PT.  Para a tomada definitiva do País, é preciso colocar a sua maior maior cidade e principalmente  toda a sua riqueza  na rota dos seus descalabros para financiar o ansiado Projeto Nacional. Para tanto, colocaram mais um poste do Lula para concorrer à Prefeitura. Ele, que nunca desceu do palanque, faz a campanha pelo seu pau-mandado de agora, Fernando Haddad, assim como fez com a Estela Roussef. E, sabemos todos quem iria mandar: as mesmas eminências pardas que passaram a descoberto, com o julgamento do bendito Mensalão.

Disse e repito: iria. Pois que não há indecisos aqui. Há os votos-minerva, que decidirão os destinos de São Paulo. Dentre eles, os ainda não totalmente desesperançados, querendo considerar conveniência de nomes, quando não é questão de nomes, mas de soberania de uma cidade-país: prevalecer o non ducor duco e o orgulho paulistano. E há aqueles como eu, imensidão de paulistanos, que não aparecem em pesquisas, mas que, juntos, colocarão na urna, não só o seu voto, mas a sua convicção: não queremos o PT aqui. 


PS: converso de bom grado com todos, exceto a anônimos e fakes. 

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Danilo Sergio Pallar Lemos disse...

Gostei muito dos assuntos abordados com eficiência em seu blog.
wwwsabereducar.blogspot.com