domingo, outubro 05, 2008

Carlão avisa: nesse ano, tem Peruada no céu.


Essa Poesia foi escrita como que em despedida num discurso de Formatura. Uma homenagem ao espírito franciscano, que faz diferenciar tanto esses já diferenciados habitantes dessas Arcadas, de quem tanto nos orgulhamos. Dela e deles.

Depois de cinco longos anos, fica muito difícil saber o que é mais, se ter o espírito ou conviver com Ele. Porém, esse é um problema tão maravilhoso que qualquer da Terra gostaria de tê-lo. Feliz de quem os têm a ambos.

E pretendia eu, apresentar a Poesia na Vigília, dia tão especial, noite aliás, em que, alguns poucos, nos dispomos à simples contemplação, reverência, Amor ou sabe-se lá o que mais, aguardar com as estrelas, a chegada da Peruada, nesse sacrossanto Pátio das Arcadas. É uma experiência incrível que convido você também a participar dela.

Leria eu, então a Poesia, uma reverência, em ambiente tão propício.

Quis Deus porém, em seus desígnios tão desconhecidos e a nós tão absurdos, levar um de nós, verdadeiro espírito franciscano.

Dizia-me o Carlão, quando então calouro: “se é como você diz, tem-se o espírito ou não, não vamos adquirindo-o aos poucos, então, pode ter certeza que eu já o tenho comigo. Mesmo antes de ter passado na Sanfran!”. Magníficas palavras essas!
Como um defensor da idéia tão mal-interpretada de que as festas deveriam “vender” a grife Sanfran, era-me bom saber que um calouro levaria à frente o espírito. Ele não só compartilhava da idéia, como as realizou na prática, para espanto dos anti-umbiguistas. Vide o sucesso do Baile do XI.
Nesse seu pouquíssimo tempo entre nós, realizou muito mais do que a maioria, em cinco anos. E meus diálogos com ele sempre foram nesse tom de brincadeira e “cobrança”, acerca do espírito.

Alguém admirável e brilhante, de origem humilíssima, mas que jamais alardeou isso, para mais ou para menos. Não era de palavras, mas de ações. Conseguiu conquistar a Amizade, o respeito e o Amor de todos nessas Arcadas. De tão franciscano, foi-se embora no dia de São Francisco!

E nós aqui, ficamos com as suas lições e a sua Alegria. E com a certeza que realizará a primeira Peruada no céu !

Como uma singela homenagem, dedico então a ele a poesia.

A poesia do Espírito

É uma aura que nos envolve e abrilhanta
Ele nos anuncia antes que cheguemos,
mas também nos denuncia e cobra, só por estar em nós
Ele nos engrandece,
mas pede humildade para que possa se expressar.
Ele nos causa orgulho,
mas jamais poderá ser fonte de arrogância
Ele nos torna uma fortaleza ,
Não para nos enclausurarmos nela
Mas para partilhar com todos essa grandeza.
Ele causa a admiração geral e o respeito,
mas desperta a inveja e o ódio de alguns.
Ele se expressa pelo animus jocandi
Ciente de que o riso
fertiliza o espírito
e germina a criatividade.
Ele expande a mente,
mas apenas se for para expressar o coração.
É fonte da eterna juventude,
porque eterniza a sua obra,
qualquer que seja ela.

Essa, a Poesia. Esse, o Carlão.

Luiz Gonzaga ____________________________Arcadas, IV de outubro , CLXXI

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande mestre Gonzaga! Fico muito feliz em ler suas palavras.

Conforta-me o coração ver o reconhecimento que o Carlão tem, por ter amado tanto a São Francisco e por ter feito parte da vida de tantas pessoas de uma forma tão intensa.

O que nos resta, daqui para a frente, é honrar diariamente esse Espírito Franciscano, tão bem representado pelo Carlão, acima de tudo um grande lutador e um grande amigo.

Obrigado!

Laura C. disse...

Vou ser sincera...

Gonzaga, não costumo gostar das coisas que você escreve. Mas gostei muito deste poema. Muito!

Fica a minha admiração. Não pela sua política. Mas pela sua sensibilidade!

Anônimo disse...

Gonzaga, agradeço pela homenagem ao Carlão. Você definiu esse meu irmão com perfeição: humildade, amizade e força de vontade. Alguém de (muita) atitude.
Sei o quanto ele sofreu p/ entrar nessa Faculdade que ele tanto amou. Sofri com ele.
Mesmo para alguém que, como eu, não faz parte dessa casa, ficava fácil sentir a força do espírito franciscano só de ouvir o Carlão falar. Sempre com os olhos cheios de entusiasmo.
De fato, um franciscano como ele, só poderia ter partido no dia de São Francisco. Dolorosa coincidência do destino.
A nós, que ficamos, só nos resta absorver o que pudermos de seus ensinamentos.
Felizes de nós que tivemos a honra de conviver com uma luz chamada Carlos César Ferreira Monteiro. Que Deus me dê forças para suportar a sua perda, irmão.
Bruno